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    Para Cardozo, tese de ministro de que Dilma não apoiou Lava Jato é irreal

    MARIANA HAUBERT
    LEANDRO COLON
    DE BRASÍLIA

    23/06/2016 17h44

    Alan Marques - 29.abr.2016/Folhapress
    #multimidia - Brasilia,DF,Brasil 29.04.2016 O ministro Jose Eduardo Cardozo(AGU) discursa na defesa da Presidente Dilma Rousseff na Comissao do Impeachment no Senado. Foto:Alan Marques/Folhapress 0619
    José Eduardo Cardozo discursa na Comissão do Impeachment no Senado, em abril

    O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo rebateu nesta quinta (23) o atual titular da pasta, Alexandre de Moraes, ao dizer que ele faz um "discurso político que não condiz com a realidade" quando fala que o governo da presidente afastada Dilma Rousseff "jamais apoiou institucionalmente" a operação Lava Jato.

    "Basta ver o que foi feito. Aliás, as acusações que eu tinha eram de várias pessoas da base governista e da oposição por não ter obstado situações de investigação das acusações que eram dirigidas para a presidente Dilma Rousseff", disse.

    Moraes deu as declarações ao comentar uma possível influência entre sua visita à força-tarefa de Curitiba no início da semana e a operação Custo Brasil realizada pela Polícia Federal nesta quinta, que prendeu o ex-ministro petista Paulo Bernardo –a operação não foi deflagrada por Curitiba, mas por São Paulo.

    "Não há nenhuma relação da minha visita institucional, de apoio à Lava Jato, provavelmente seja isso que tenha deixado desconfortável essas pessoas, é que o governo anterior jamais apoiou institucionalmente a Lava Jato, porque o governo anterior jamais apoiou o combate à corrupção", disse Moraes.

    A Lava Jato teve início em 2014, durante a gestão da presidente Dilma, e levou à prisão dirigentes do PT, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Petistas criticavam Cardozo na época por ele não controlar a Polícia Federal na Lava Jato.

    Cardozo, que atua agora como advogado de Dilma no processo de impeachment em análise pelo Senado, provocou Moraes ao dizer que se ele tem alguma dúvida sobre a atuação do governo anterior, "ele poderia ouvir os áudios em que pessoas, lideranças, falam exatamente que Dilma tinha que sair porque a sangria tinha que parar".

    O ex-ministro se referiu às gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney. Nas conversas, principalmente com Jucá, eles sugeriam um pacto para barrar a Lava Jato.

    "O secretário (sic) Alexandre é meu amigo, demos aula juntos. Agora, ele tem que fazer o discurso político. No momento em que o governo é acusado publicamente de nomear pessoas investigadas e ao mesmo tempo de terem sido colocados lá para fazer uma pactuação para parar a lava jato, tem que se encontrar um discurso político. Ele está fazendo seu papel", disse.

    OPERAÇÃO CUSTO BRASIL

    Cardozo também avaliou que a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) na operação Custo Brasil, deflagrada nesta quinta, não interferirá no andamento da comissão do impeachment.

    "A senadora é combativa, competente, séria e acho que ela vai continuar exercendo seu papel. Claro que as circunstâncias não são as melhores do ponto de vista da realidade e nem sei porque houve essa decisão, desconheço os termos, mas eu tenho certeza que a senadora tem muita força interior e saberá enfrentar esse momento", disse.

    Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso preventivamente, suspeito de ter se beneficiado de R$ 7 milhões em propina. O valor que foi recebido por escritório de advocacia ligado a petista.

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