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    Jornalistas de educação criam associação sobre tema

    CAROLINA LINHARES
    DE SÃO PAULO

    23/06/2016 18h01

    Com o objetivo declarado de mudar um cenário de falta de preparo dos repórteres e de espaço na imprensa, jornalistas que escrevem sobre educação decidiram fundar uma associação para ampliar a qualidade da cobertura do tema.

    A Jeduca (Associação dos Jornalistas de Educação) foi lançada nesta quinta-feira (23) durante o 11º Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

    Repórter de educação da Folha, Paulo Saldaña é um dos diretores da Jeduca. Para ele, uma das urgências é estabelecer uma troca de ideias entre jornalistas da área. "O tema é complexo e as respostas não são tão simples. Então, essa conexão vai contribuir para que o debate sejam mais qualificado", diz.

    Vice-presidente da Jeduca, o editor-adjunto de "Treinamento" da Folha, Fábio Takahashi cobre educação desde 2003 no jornal. Ele explica que a Jeduca foi inspirada na Abraji e na EWA (associação de escritores de educação, nos EUA) e tem o objetivo de "tornar-se um ator relevante na área".

    ESPECIALIZAÇÃO

    Atualmente, um em cada quatro jornalistas de educação se diz despreparado para escrever sobre o assunto. O dado é de pesquisa feita por Rodrigo Ratier, da revista "Nova Escola", que apresentou o panorama em debate que precedeu o lançamento da associação. Em 2013, ele ouviu 92 jornalistas que cobrem o tema na grande imprensa.

    Ainda segundo Ratier, a maioria dos veículos não tem uma linha editorial clara no que diz respeito à educação e os cursos de jornalismo, mesmo no nível de pós-graduação, não possuem disciplinas especializadas para esse tipo de cobertura.

    Antônio Gois, presidente da Jeduca e jornalista do "Globo", afirma que ter sido aluno não é suficiente para entender de educação. "A especialização é importante porque educação é uma ciência e o jornalista precisa entender seus vários campos."

    "O jornalista é necessário para traçar as pontes para que a educação se torne uma prioridade nacional", afirmou Alejandra Velasco, do movimento Todos pela Educação.

    Para Gois, além da especialização, o jornalista de educação deve ter "horas de voo na escola", para que o cotidiano escolar também molde o olhar sobre o assunto.

    Os debatedores mencionaram ainda a experiência da cobertura das recentes ocupações de escolas públicas por estudantes secundaristas em São Paulo e outras cidades.

    "Os alunos disputaram com o governo estadual o espaço nas reportagens e se utilizaram da mídia para fazer com que sua mensagem chegasse à sociedade", disse Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

    JEDUCA

    A associação é voltada para jornalistas, estudantes e professores de jornalismo, e conta com apoio de fundações privadas, inclusive a Abraji.

    A entidade pretende promover redes de discussão e cursos de formação. Detalhes sobre como se associar podem ser encontrados no site jeduca.com.br.

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