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    Lava Jato

    Gleisi diz que prisão de marido é 'desvio de foco' pelo impeachment

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    23/06/2016 18h49

    Franklin de Freitas - 31.out.10/Folhapress
    O ex-ministro Paulo Bernardo e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann
    O ex-ministro Paulo Bernardo e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann, em imagem de 2010

    A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou nesta quinta-feira (23) que a operação Custo Brasil, que levou à prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, pela manhã em seu apartamento, em Brasília, foi realizada pela Polícia Federal para o "desvio de foco da opinião pública deste governo claramente envolvido em desvios", em alusão ao presidente interino Michel Temer.

    Em uma nota em tom pessoal, a senadora diz que "garantir o impeachment" é tudo o que "mais interessa neste momento" ao atual governo.

    No texto, publicado em sua página no Facebook e lido no plenário do Senado pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi conta parte das ações da polícia em sua casa e diz que foi um dia "muito triste" em sua vida "como mulher, como política e, sobretudo, como mãe".

    "Conheço o pai dos meus filhos. Sei das suas qualidades e do que não faria, por isso sei da injustiça que sofreu nesta manhã. Mais de dez pessoas estranhas entraram em minha casa com ordem de busca e apreensão. Trouxeram também uma ordem de prisão preventiva contra o Paulo", escreveu.

    A petista afirma que seu marido sempre esteve à disposição da Justiça e questiona então os motivos para que a operação fosse deflagrada neste momento já que o processo contra Paulo Bernardo foi iniciado há mais de um ano. "Prisão preventiva para prevenir o que?! Uma fuga? Um conluio? Qual risco representa ele?", questiona.

    "Vieram coercitivamente buscá-lo em casa, na presença de nossos filhos menores. Um desrespeito humano sem tamanho, desnecessário. Não havia nada em nossa casa que podia ser levado. Mesmo assim levaram o computador do meu filho adolescente. Fiquei olhando meu menino e pensei sobre a dor que sentia com aquela situação", disse.

    "Quem nos conhece sabe que não fizemos fortuna, não temos conta no exterior, levamos uma vida confortável, porém modesta. O patrimônio que temos, parte financiado, foi comprado com nossos salários", completou.

    A senadora deveria ter participado da reunião da comissão do impeachment, em curso no Senado, mas não compareceu. Ela estava em casa no momento em que a Polícia Federal chegou ao seu apartamento e lá permaneceu por quase todo o dia.

    Paulo Bernardo foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta, em Brasília, pela Operação Custo Brasil, que investiga um esquema de corrupção supostamente usado para abastecer o caixa do PT.

    Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, ele foi preso preventivamente, suspeito de ter se beneficiado de R$ 7 milhões em propina. O valor teria sido recebido por escritório de advocacia ligado ao petista.

    Ele foi levado para a sede da PF em São Paulo, que centraliza a investigação, um desdobramento da Lava Jato. Esta é a primeira vez que um ex-ministro de Dilma é preso no âmbito da operação.

    Leia a íntegra da nota:

    *

    Hoje foi um dia muito triste na minha vida como mulher, como política e, sobretudo, como mãe. Conheço o pai dos meus filhos. Sei das suas qualidades e do que não faria, por isso sei da injustiça que sofreu nesta manhã.

    Mais de 10 pessoas estranhas entraram em minha casa com ordem de busca e apreensão. Trouxeram também uma ordem de prisão preventiva contra o Paulo.

    Busca e apreensão após quase um ano de início do processo?!

    Prisão preventiva para prevenir o quê?! Uma fuga? Um conluio? Qual risco representa ele?

    Desde que esse processo começou, Paulo se colocou inúmeras vezes à disposição da Justiça, sempre esteve totalmente disponível, tem endereço conhecido.

    Vieram coercitivamente buscá-lo em casa, na presença de nossos filhos menores. Um desrespeito humano sem tamanho, desnecessário. Não havia nada em nossa casa que podia ser levado. Mesmo assim levaram o computador do meu filho adolescente. Fiquei olhando meu menino e pensei sobre a dor que sentia com aquela situação.

    Quem nos conhece sabe que não fizemos fortuna, não temos conta no exterior, levamos uma vida confortável, porém modesta. O patrimônio que temos, parte financiado, foi comprado com nossos salários.

    Não me cabe outra explicação que não o desvio de foco da opinião pública deste governo claramente envolvido em desvios, em ataques aos direitos conquistados pela população. Garantir o impeachment é tudo o que mais lhes interessa neste momento.

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