• Poder

    Monday, 06-May-2024 09:19:35 -03

    Decisão do STF prolonga análise de denúncia contra Renan Calheiros

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    24/06/2016 13h24

    Uma decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Edson Fachin vai prolongar, mais uma vez, a análise da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tramita há mais de três anos no tribunal sem ser analisada.

    O ministro reabriu nesta quinta-feira (24) o prazo para a apresentação de defesa do senador no caso que investiga se ele usou dinheiro de empreiteira para pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento. A medida foi tomada a partir de uma nova manifestação enviada pela PGR ao STF para esclarecer a prescrição de parte dos crimes referentes ao uso de documentos falsos e falsidade ideológica.

    Fachin entendeu que houve um "aditamento" da Procuradoria na denúncia, portanto, que a acusação foi ampliada e por isso é preciso abrir prazo de mais 15 dias para que a defesa do senador se manifeste.

    Procuradores ouvidos pela Folha disseram que não há elementos novos colocados no processo que justifiquem a concessão de um novo período para a defesa. Após receber a posição dos advogados de Renan, Fachin deve elaborar seu voto e liberar o processo para julgamento - o que deve ocorrer no segundo semestre.

    O caso tramita em segredo de justiça no Supremo e chegou ao tribunal em 2007. O escândalo foi um dos fatores que levou Renan a renunciar à presidência do Senado na época.

    Se a denúncia no primeiro inquérito for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan passa a ser réu, respondendo pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

    O ministro Ricardo Lewandowski era o relator original do caso, mas deixou o processo quando assumiu a presidência do STF, em setembro de 2014. Fachin assumiu o caso em junho de 2015, logo após tomar posse no Supremo.

    COMÉRCIO DE GADO

    Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos da pensão, Renan apresentou documentos e disse que tinha recebido uma parte com a venda de gado. O suposto comprador, porém, negou que tenha adquirido bois do senador.

    Na denúncia, a Procuradoria disse que Renan não possuía recursos disponíveis para custear os valores repassados a jornalista Mônica Veloso entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006, e que inseriu "informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira".

    A pena prevista no Código Penal para o crime de peculato (quando servidor utiliza o cargo para desviar dinheiro público) é de 2 a 12 anos de prisão. Se Renan for condenado pelos três crimes, a soma de suas penas pode variar de 5 a 23 anos de cadeia, mais pagamento de multa a ser estipulada pelo STF.

    Além da denúncia, Renan é alvo de um pedido de abertura de inquérito para apurar um desdobramento do caso que apontou movimentação financeira a descoberto de R$ 5,7 milhões.

    O presidente do Senado também é alvo de nove inquéritos que apuram sua suposta ligação com o esquema de corrupção da Petrobras e também é investigado na Operação Zelotes que apura suposto esquema de compra de medidas provisórias.

    Renan tem dito que já deu todas as explicações sobre a denúncia e que é o maior interessado em esclarecer os fatos. Ele nega irregularidades. O peemedebista também sustenta que não tem ligação com a Lava Jato nem com a Zelotes.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024