• Poder

    Thursday, 02-May-2024 20:01:13 -03

    Incra atrasa repasse e assentados perdem assistência técnica

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    25/06/2016 16h05

    Edson Silva - 24.set.2013/Folhapress
    PRADOPOLIS, SP, BRASIL, 24-09-2013: Assentados e acampados do horto Guarani durante reunião com Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para firmar uma parceria para administrar em conjunto o assentamento Horto Guarani em Pradópolis --área invadida em 1992 e reconhecida em 1999. ( Foto: Edson Silva/Folhapress) ***REGIONAIS***EXCLUSIVO***
    Agricultores do assentamento Horto Guarani, em Pradópolis (SP)

    O atraso de repasses do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a um instituto contratado para prestar assistência técnica a assentamentos rurais causou a suspensão do atendimento a mais de 6.000 famílias no interior de São Paulo.

    Responsável por três dos cinco lotes em que o Estado foi dividido, o IBS (Instituto BioSistêmico) paralisou as atividades neste mês, sem dinheiro até para abastecer veículos usados pela equipe.

    O IBS diz ter dívida de cerca de R$ 3 milhões causada por atrasos nos repasses desde junho do ano passado.

    O valor anual do contrato é de R$ 9 milhões, segundo o IBS. O Incra confirma o débito e diz estar "empenhado" em resolver o problema.

    Com a paralisação, 60% das famílias assentadas no Estado deixaram de receber suporte para adoção de práticas agrícolas adequadas, intermediação de acesso a crédito e fomento à venda da produção, entre outros.

    Foram afetadas regiões como as de Araraquara -2.600 famílias-, Ribeirão Preto, Bauru, Sorocaba e os Vales do Paraíba e do Ribeira.

    Em Ribeirão Preto, a implantação de sistemas agroflorestais está parada, assim como a recomposição da reserva legal do assentamento, que fica em área de recarga do aquífero Guarani.

    Em Promissão, técnicas de pastoreio para aumentar a produtividade dos rebanhos deixaram de ser desenvolvidas para quase mil famílias.

    "Toda a equipe está parada. Além de combustível, não tínhamos mais condição de pegar dinheiro para alimentação. Estamos parados e vamos continuar se não tiver pagamento", disse Claudio Pinheiro, diretor do IBS.

    O imbróglio ocorre porque o Incra não tem equipe de servidores para atender a demanda, o que o obriga a terceirizar as atividades.

    Assentado em Serra Azul, Adilson Aniceto afirmou que a assistência técnica contribui para o produtor de tal forma que ele só tenha que se preocupar com o campo.

    "A comida do Brasil depende da agricultura familiar. Hoje o problema é o feijão, mas amanhã pode ser outro produto e depois outro. Sem a assistência, ficamos muito preocupados", disse.

    OUTRO LADO

    O Incra confirmou ter conhecimento da suspensão dos serviços, disse que deve R$ 2,2 milhões ao IBS e admitiu que o valor pode ser superior devido a notas dos meses de abril e maio, ainda não constantes do sistema.

    Informou ainda estar "empenhado em normalizar os pagamentos para evitar maiores prejuízos às famílias assentadas".

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024