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    Peritos reclamam de cancelamento de perícia sobre morte de foragido da PF

    DE SÃO PAULO

    27/06/2016 16h26

    Sérgio Bernardo-22.jun.16/JC Imagem/Folhapress
    Motel onde empresário foi encontrado morto
    Motel onde empresário foi encontrado morto

    Entidades de peritos papiloscopistas e de policiais civis pediram explicações ao governo de Pernambuco sobre por que foi cancelada a coleta de digitais que seria realizada no quarto de motel onde foi encontrado morto o empresário Paulo César de Barros Morato, informa a Agência Brasil.

    Morato era considerado foragido depois de ter sua prisão ordenada na Operação Turbulência, da Polícia Federal.

    A ação, deflagrada pela PF em Pernambuco e Goiás, investiga um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião que caiu matando o ex-candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) em agosto de 2014. Morato é considerado pela PF como proprietário da empresa que participou da compra da aeronave.

    "Nós estamos oficiando a SDS para pedir esclarecimentos sobre por que os papiloscopistas [especialistas em impressões digitais] não puderam realizar a perícia e receberam ordem para deixar o local. Também pedimos que o Ministério Público acompanhe o caso e peça providências", explicou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Áureo Cisneiros.

    Segundo a Agência Brasil, da EBC, dois peritos que foram ao motel para buscar as impressões digitais receberam uma ligação da gerente de Identificação Criminal, Ivoneide Constantino, para cancelar a perícia no local.

    De acordo com um dos profissionais que foi ao local e pediu para não ser identificado por medo de retaliações, eles nem chegaram a entrar no quarto. A ordem, segundo ele, é um desvio do padrão do trabalho de perícia.

    TURBULÊNCIA

    Segundo a PF, Morato seria o real proprietário da empresa Câmara & Vasconcelos, envolvida na compra do avião Cessna Citation PR-AFA. A aeronave transportava o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência em 2014, Eduardo Campos (PSB) e caiu em Santos, litoral paulista, em agosto daquele ano, matando Campos e mais seis pessoas.

    O empresário era suspeito de fazer parte de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião. O mesmo esquema é suspeito, segundo a PF, de ter servido para irrigar a campanha presidencial da chapa de Campos e Marina Silva em 2014, além da eleição para governador dele em 2010.

    As investigações apontam que foram movimentados R$ 600 milhões nos Estados de Pernambuco e Goiás, desde 2010.

    Durante a Operação Turbulência foram detidos quatro pessoas, entre eles os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. Eles são donos do Cessna Citation PR-AFA. Foi a partir do avião que a PF descobriu operações suspeitas na conta de empresas envolvidas na sua aquisição.

    A empresa Câmara & Vasconcelos Locação, envolvida na compra da aeronave e já citada no âmbito da Lava Jato em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef, recebeu R$ 18,8 milhões da empreiteira OAS por locação e terraplanagem nas obras de transposição do Rio São Francisco.

    Este montante, segundo os investigadores, pode ter servido à aquisição da aeronave e também para outras despesas e dívidas de campanha.

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