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    o impeachment

    Petistas cobram mais viagens, e Dilma decide fazer vaquinha para pagar voos

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA
    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    28/06/2016 19h35 - Atualizado às 21h31

    Pedro Ladeira - 26.jan.2016/Folhapress
    A presidente Dilma Rousseff embarca em helicóptero no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), nesta terça-feira (26).
    A presidente Dilma Rousseff embarca em helicóptero no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF)

    Em reunião nesta terça (28) no Palácio da Alvorada, a presidente afastada, Dilma Rousseff, foi cobrada por petistas a viajar mais pelo país e decidiu adotar uma plataforma digital como forma de arrecadar dinheiro para pagar seus voos em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira).

    O primeiro trecho que será custeado por Dilma está previsto para esta quinta-feira (30), quando a petista deve ir a Belém (PA) para participar de um evento com simpatizantes de seu governo.

    Depois que a Justiça Federal do Rio Grande do Sul autorizou, na semana passada, que Dilma utilize os jatos da FAB para além do percurso Brasília-Porto Alegre, desde que arque com os custos da viagem, ela resolveu encampar a ideia do financiamento coletivo.

    Intitulada "Jornadas pela Democracia", a ferramenta na internet, ou crowdfunding, será organizada por algumas amigas da petista da época da ditadura. A ideia de fazer um financiamento coletivo foi antecipada pela coluna Mônica Bergamo.

    A assessoria de Dilma não sabe dizer quando a plataforma vai entrar no ar e, portanto, não está claro se a viagem de quinta poderá ser paga com esses recursos.

    Procurada pela Folha, a FAB informou que não pode divulgar o custo logístico das horas de voo por questões "estratégicas" da aviação militar.

    AMPLIAR AGENDA

    Durante a reunião com a executiva nacional do PT, nesta terça, a presidente afastada se comprometeu a intensificar sua agenda e, em exposição aos colegas de partido, afirmou que, após a divulgação da perícia do Senado nesta segunda (27), "ficou claro que está cada vez mais difícil sustentar que houve crime" ao justificar seu processo de impeachment.

    De acordo com a perícia feita por técnicos do Senado, Dilma agiu diretamente para liberar créditos suplementares por meio de decretos, sem aval do Congresso, mas não há como provar atuação da então presidente nas pedaladas fiscais –empréstimos de bancos federais ao Tesouro.

    Além dos parlamentares e dirigentes petistas, estavam presentes no Alvorada os ex-ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e o assessor especial de Dilma, Giles Azevedo.

    Wagner divulgou nas redes sociais uma declaração em que a presidente afastada diz que seu maior erro foi ter ser aliado "com um traidor e usurpador". O ex-ministro postou ainda um reconhecimento dos erros cometidos pelo governo.

    "É importante reconhecer que nosso governo cometeu erros. Erramos na condução da economia e na condução da política", publicou.

    A executiva do PT havia pedido uma conversa com a presidente afastada para debater "o cenário político" e as "estratégias" do partido até o julgamento final do impeachment, previsto para agosto.

    NOVAS ELEIÇÕES

    Ao traçar cenários futuros, Dilma reconheceu a possibilidade de não voltar ao cargo. Segundo participantes da reunião, a petista afirmou que seus opositores trabalharão para que ocorra uma nova eleição caso Temer não resista às investigações da Operação Lava Jato.

    Outro tópico discutido na reunião desta terça (28) foi a possibilidade de Dilma convocar um plebiscito para novas eleições presidenciais caso volte ao Palácio do Planalto. A petista já topou a ideia, mas quer o apoio dos movimentos sociais e a unificação de seu partido, o PT, em torno da tese.

    Havia resistência entre os próprios petistas e também no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e na CUT (Central Única dos Trabalhadores).

    Segundo a Folha apurou, porém, houve uma sinalização, no encontro desta terça, que pelo menos PT e CUT estão dispostos a fechar questão e apoiar a ideia. O MST, por sua, vez, ainda resiste.

    "Há uma posição da Frente Brasil Popular de que é possível conviver com a posição de fazer um plebiscito com a posição do 'Fora, Temer'. Isso ficou equacionado", disse à Folha o senador Humberto Costa (PT-PE).

    Para ele, convencer os senadores de que Dilma está disposta a fazer uma consulta popular para novas eleições presidenciais é "a única maneira" de fazer com que ela consiga pelo menos 27 votos no Senado para retomar o cargo.

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