• Poder

    Friday, 29-Mar-2024 11:23:00 -03

    Lava Jato

    Donos de Gol e JBS são alvos de ação da PF que prendeu aliado de Cunha

    GABRIEL MASCARENHAS
    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    01/07/2016 06h51 - Atualizado às 20h53

    Jorge Araújo/Folhapress
    Agentes federais em frente à casa de Joesley Batista, do grupo JBS, em São Paulo
    Agentes federais em frente à casa de Joesley Batista, do grupo JBS, em São Paulo

    A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira (1º), batizada de Sépsis, que mira a Eldorado Celulose, uma empresa do grupo J&F –holding da JBS, dona da Friboi. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em São Paulo.

    A JBS afirma que não é investigada na ação.

    Outro alvo de buscas é o empresário Henrique Constantino, acionista majoritário da Gol Linhas Aéreas e sócio da concessionária BRVias, que está sendo investigada.

    O único mandado de prisão expedido foi para o corretor Lúcio Bolonha Funaro, aliado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e que vinha tentando negociar um acordo de delação com a PGR (Procuradoria-geral da República). Ele foi detido nesta manhã.

    OPERAÇÃO SÉPSIS - Polícia Federal cumpri 19 mandados de busca e apreensão nos seguintes Estados

    No total, estão sendo cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, sendo 12 em São Paulo, dois no Rio de Janeiro, três em Pernambuco e dois no Distrito Federal. Em Recife, os alvos são os donos da construtora Moura Dubeux.

    A operação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavaski, relator da Lava Jato, e tem como base a delação do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, também aliado de Cunha. A ação também tem fatos ligados a delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas Nelson Mello

    Há suspeitas de que o J&F tenha pago propina, por meio de Funaro, para obter recursos do fundo de investimentos do FGTS, liberados por influência de Cleto.

    As buscas da PF na sede do grupo J&F, controlador da JBS, concentraram-se na empresa Eldorado Brasil Celulose, que se beneficiou de recursos do FGTS e está no alvo das suspeitas dos investigadores. Segundo Cleto, a empresa pagou a ele R$ 680 mil em propinas.

    Cleto ainda apontou diretamente o dono do grupo, Joesley Batista, como responsável pelos pagamentos de propina.

    Como a Folha revelou em abril, Cleto afirmou em sua delação que havia um esquema de pagamentos de propina para liberação de recursos do FI-FGTS e que o dinheiro era dividido entre ele, Cunha e Funaro.

    O STF também autorizou busca e apreensão na casa e no escritório do lobista Milton Lyra, ambos em Brasília.

    Miltinho, 44, como é conhecido, já foi citado por delatores como operador do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Postalis, o fundo de pensão dos servidores dos Correios. Quatro requerimentos para ouvi-lo foram apresentados na CPI dos Fundos de Pensão, mas não votados.

    OUTRO LADO

    Antes de vir à público a informação de que Cleto disse ter recebido R$ 680 mil da Eldorado, a empresa confirmou "que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em São Paulo na manhã de hoje. A companhia desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações solicitadas. A Eldorado sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais".

    A empresa afirmou ainda que captou recursos do FI-FGTS "para financiar obras de logística, saneamento e infraestrutura de sua primeira linha produtiva em Três Lagoas (MS), inaugurada em 2012". "O financiamento foi realizado por meio de uma emissão de debêntures integralmente subscrita pelo FI-FGTS, com registro na CVM. Todo o procedimento seguiu estritamente as regras do FI-FGTS", afirmou.

    Em nota, a JBS afirmou que "a companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje". Segundo a empresa, o cargo de presidente do conselho de administração da JBS, ocupado por Joesley Batista, não configura cargo executivo.

    A defesa de Funaro ainda não se manifestou após sua prisão. Na época em que reportagens sobre a delação de Cleto foram publicadas, a defesas de Funaro negou as acusações.

    A reportagem ainda não conseguiu contato com representantes de Henrique Constantino.

    A Via Rondon, que pertence à BR Vias, disse que Constantino foi procurado pelo Ministério Público Federal para apresentar documentos sobre um empréstimo que a empresa fez com o FI-FGTS e destacou que a investigação não envolve outros negócios da família.

    A assessoria da Gol Linhas Aéreas afirmou que a empresa não é alvo da PF.

    Em nota, Cunha informou que "não recebi e nem combinei com quem quer que seja qualquer vantagem indevida de nenhuma natureza". Disse que não tem "operador, gestor financeiro ou qualquer coisa do gênero e também não autorizei ninguém a tratar qualquer coisa em meu nome".

    Ele chamou de "histórias fantasiosas" as acusações de Fábio Cleto e disse que ele é "réu confesso" e que deve responder pelas irregularidades que praticou.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024