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    Janot cita repasses de donos de Gol e JBS a operador

    AGUIRRE TALENTO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    03/07/2016 02h00

    O grupo proprietário da JBS repassou cerca de R$ 31 milhões para empresas do corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro nos últimos anos, de acordo com informações repassadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal.

    Ainda segundo Janot, empresas ligadas ao dono da Gol, Henrique Constantino, transferiram R$ 492.500 a uma empresa de Funaro.

    Ambos são suspeitos de pagar propina para obter recursos do fundo de investimentos do FGTS, com base em relatos da delação premiada do ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto.

    Os dados constam de relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) repassados ao Supremo por Janot para pedir a busca e apreensão contra os dois empresários na Operação Sépsis, realizada na última sexta-feira (1º).

    A ação levou a buscas nas casas de Constantino e de Joesley Batista, dono da J&F –controladora da JBS, maior processadora de carne bovina do mundo.

    Também resultou na prisão preventiva de Funaro, apontando como operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na corrupção na Caixa.

    Segundo os relatórios dos investigadores, houve transferências de diversas empresas do grupo para Funaro. A J&F teria remetido mais de R$ 13 milhões.

    Já a Agrícola Jandelle SA –detentora da marca Big Frango, adquirida pelo grupo JBS em novembro de 2014– teria repassado R$ 11,5 milhões para o operador. Também são citadas remessas da JBS, de R$ 3,8 milhões, e da Eldorado Brasil, de R$ 3,2 milhões.

    As transações foram utilizadas por Janot para mostrar o que chama de "relação próxima" entre Batista e Funaro.

    O procurador-geral afirmou ainda que as movimentações são consideradas "suspeitas". "Não custa recordar que Funaro não possui atividade lícita real e não há sentido econômico nas referidas transações", escreveu Janot.

    A Eldorado foi apontada na delação de Cleto como responsável por pagar propina em troca da obtenção de um aporte de R$ 940 milhões do FI-FGTS. Segundo Cleto, Funaro era operador desses recebimentos de propina e também teria se beneficiado.

    No caso de Constantino, a PGR aponta como suspeitas transferências de duas empresas ligadas a ele, a Viação Piracicabana e a Princesa do Norte. Janot diz que esses pagamentos ocorreram entre maio e agosto de 2012, poucos meses depois da aprovação de um aporte do FI-FGTS de R$ 300 milhões para empresa de Constantino.

    OUTRO LADO

    O advogado de Lúcio Funaro, Daniel Gerber, afirmou que os pagamentos a ele são por "negócios lícitos". A assessoria da J&F afirmou que os repasses são referentes a serviços que ele prestou.

    Citou que Funaro intermediou a compra da Big Frango pela JBS, atuou na saída da família Bertin da holding e vendeu móveis e imóveis. A Eldorado diz que a captação de recursos do FI-FGTS seguiu todas as regras. A assessoria de Henrique Constantino afirmou que "colabora com as autoridades".

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