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    Lava Jato

    Emílio Odebrecht admite erro e diz que empresa não pode ter elos podres

    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    06/07/2016 14h19 - Atualizado às 17h11 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Divulgação
    Emílio Odebrecht (à dir.) com seu pai, Norberto (atrás, já morto) e seu filho Marcelo
    Emílio Odebrecht (à dir.) com seu pai, Norberto (atrás, já morto) e seu filho Marcelo, preso na Lava Jato

    Emílio Odebrecht, maior acionista do grupo baiano e pai do ex-presidente da Odebrecht Marcelo, preso há mais de um ano, fez nesta quarta (6) um discurso interno em que admitiu os erros da companhia e disse que não vai tolerar novos desvios.

    O empresário falou em um seminário organizado para cerca de 170 líderes do conglomerado num hotel em São Paulo, que tinha como foco o futuro da Odebrecht e as normas de compliance (conformidade a regras e legislação).

    Na fala de abertura do evento, que começou às 8h30 e foi até o fim do dia, Emílio reconheceu que a Odebrecht errou no modo com que vinha se portando.

    Ele disse que a companhia não repetirá o comportamento praticado e que não será mais omissa, como fez no passado recente.

    Também destacou que todas as empresas do grupo terão que mudar de atitude e não podem ter "elos podres".

    "Nossos líderes devem agir para promover as mudanças necessárias nos mercados e nos ambientes onde as práticas empresariais imponham desvios de conduta, trazendo, consequentemente, riscos para nossa reputação. Nosso propósito deve ser o de transformá-los em locais saudáveis", declarou.

    DELAÇÃO PREMIADA

    Emílio abordou um tema sensível, os acordos de leniência e delação premiada que a Odebrecht negocia desde o começo deste ano com a Procuradoria-Geral da República e com a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba.

    Ao tocar no assunto, o empresário reconheceu que a "iminente conclusão" das colaborações tem causado ansiedade e incerteza entre os funcionários da empresa.
    Emílio admitiu que o grupo baiano sairá menor, com menos ativos tangentes, desse processo.

    Como a Folha publicou em junho, os procuradores querem multar a empresa em mais de R$ 6 bilhões.

    No entanto, ele passou a mensagem otimista de que a companhia terá um amadurecimento qualitativo e se tornará mais forte e unida.

    O empresário não poupou críticas ao excesso de burocracia e à exagerada interferência do Estado nas vidas dos cidadãos brasileiros, mas disse que tais fatos não podem ser usados para justificar as práticas ilícitas adotadas pela Odebrecht.

    Também disse que o Brasil e outros países onde o grupo está presente reúnem condições propícias para "práticas não ortodoxas", ou seja, ilegais, principalmente entre o setor público e privado, devido a questões estruturais e aristocráticas.

    Também falaram no evento o atual presidente do grupo, Newton de Souza, o coordenador do comitê de conformidade, Sérgio Foguel, a responsável pela área, Olga Pontes, e o responsável por sustentabilidade, Sérgio Leão.

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