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    Lava Jato

    Mais dois executivos mencionam lobby de Lula na Venezuela

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    06/07/2016 16h34

    Felipe Dana - 6.jun.16/Associated Press
    Brazil's Former President Luiz Inacio Lula da Silva speaks at a rally in defense of public companies and against Brazil's interim President Michel Temer in Rio de Janeiro, Brazil, Monday, June 6, 2016. Lula criticized Brazil's interim president Temer and defended Petrobras, the state run oil company which was once a symbol of Brazil's prosperity and is now at the center of a corruption investigation. (AP Photo/Felipe Dana) ORG XMIT: XFD105
    O ex-presidente Lula, que teria interferido junto a Hugo Chávez a favor da Andrade Gutierrez

    O suposto apoio do ex-presidente Lula (PT) na Venezuela para que a Andrade Gutierrez conquistasse um contrato no país foi mencionado por dois executivos da empreiteira em depoimentos de delação premiada.

    Segundo o presidente da construtora Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, e o executivo Flávio Gomes Machado Filho, então diretor para a América Latina, Lula intercedeu em favor da empreiteira, que conquistou um contrato para a obra de uma siderúrgica na Venezuela, em 2008.

    A obra teria rendido, posteriormente, pagamento de 1% de propina ao PT –ambos, porém, afirmam que o assunto jamais foi tratado com Lula, mas cobrado posteriormente pelo tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.

    Os fatos vão ao encontro do que disse o ex-presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, que mencionou a intervenção de Lula durante depoimento à Justiça do Rio, em abril.

    Na época, a Venezuela era governada por Hugo Chávez, próximo de Lula, e o país não tinha lei de licitações –de modo que um apoio político pesava muito em favor da empresa.

    O contato com o então presidente petista foi feito por Machado Filho, que confirmou o encontro. O pedido foi para que Chávez "desse uma prioridade" à empreiteira brasileira, que concorria com outras empresas internacionais.

    Lula iria se encontrar em breve com Chávez em Recife, em março de 2008.

    'NEGOCIAÇÃO COMERCIAL'

    "Após a reunião, Lula deu retorno afirmando que o contato fora realizado e o pedido fora feito", informou Sá, em sua delação. O retorno foi dado via chefe do cerimonial, segundo Machado Filho.

    O presidente da construtora ainda afirma que "não houve, ao que sabe, tratativas espúrias entre a Andrade Gutierrez e Lula no contexto desses fatos ou qualquer outro", no que é corroborado por Machado Filho.

    "Nunca discuti nada que não fosse de forma republicana com o presidente Lula", disse Machado.

    Para Sá, a intervenção de Lula na Venezuela "inseria-se em contexto de negociações comerciais de grande porte" e permitia que empresas brasileiras expandissem sua atuação para fora do país.

    Tempos depois, quando o BNDES passou a liberar dinheiro para financiar a obra, o então tesoureiro do PT cobrou o pagamento de propina ao partido.

    A siderúrgica foi orçada em US$ 1,8 bilhão e até hoje não foi concluída. O valor liberado pelo BNDES foi de US$ 865,4 milhões.

    A Folha procurou o Instituto Lula, mas não houve resposta até a tarde desta quarta-feira (6).

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