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    PF prende conselheiro do Carf que ofereceu vender voto ao Itaú

    GABRIEL MASCARENHAS
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    07/07/2016 00h48 - Atualizado às 10h50

    A Polícia Federal prendeu na noite desta quarta-feira (6) um conselheiro do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) que tentou vender seu voto no colegiado a representantes do banco Itaú Unibanco.

    De acordo com a PF, o conselheiro foi preso em flagrante por volta das 22h30, em Brasília. A ação ocorreu a partir de uma denúncia da instituição financeira, que recebeu a oferta do membro do Carf.

    A Folha apurou que o conselheiro em questão é João Carlos Figueiredo Neto. Ele foi surpreendido num shopping da capital. Segundo investigadores, ele pedia R$ 1,5 milhão para atuar conforme os interesses da empresa no processo em tramitação no Carf relativo à fusão do Itaú com o Unibanco. Ele é o relator da ação no colegiado.

    Procurado pela reportagem, Figueiredo Neto não foi localizado.

    A PF foi procurada por representantes do banco há aproximadamente um mês e, desde então, passou a acompanhar o caso. Nesse período, os policiais chegaram a monitorar uma outra reunião, ocorrida em São Paulo, também com autorização judicial.

    Embora também tenha mirado negociações de pagamento de propina no Carf, a prisão desta noite não tem relação com a Operação Zelotes, cujo um dos alvos principais é venda de sentenças no colegiado.

    O Carf é órgão vinculado ao Ministério da Fazenda responsável por julgar recursos a autuações aplicadas pela Receita Federal aos contribuintes.

    A operação foi batizada de "Quatro Mãos". Isso porque o conselheiro preso sugeriu à instituição financeira que o voto fosse elaborado "a quatro mãos".

    Em nota, o Itaú afirmou que foi vítima de conduta inadequada de Conselheiro do Carf que solicitou vantagens para beneficiar o banco em julgamento de interesse da instituição.

    "Dados os princípios éticos e de transparência que norteiam nossa atuação, voluntariamente reportamos os fatos às autoridades competentes, que passaram a monitorar as atividades do conselheiro, culminando em sua prisão", informou, em nota.

    O Itaú ainda afirmou esperar ter contribuído com a identificação de conduta contrária à ética e à lei.

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