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    Lava Jato

    Banco clandestino criava offshores para lavar propinas, diz Lava Jato

    GABRIEL MASCARENHAS
    DE BRASÍLIA
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    07/07/2016 06h58 - Atualizado às 10h21

    A Polícia Federal deflagrou a 32ª fase da Lava Jato, na manhã desta quinta-feira (7), com o objetivo de desmontar um suposto esquema de lavagem de dinheiro desviado da Petrobras por meio de um banco sem autorização para operar no Brasil e empresas offshores em paraísos fiscais.

    O principal alvo da operação, chamada de Caça-Fantasmas, é Edson Paulo Fanton, que seria o responsável pelo FPB Bank, uma instituição bancária do Panamá que atuaria clandestinamente no Brasil. Ele foi conduzido coercitivamente para depor em Santos (SP).

    De acordo com os investigadores, FPB Bank não tem autorização do Banco Central para operar no Brasil e agia "com o objetivo de movimentar contas em território nacional e, assim, viabilizar o fluxo de valores de origem duvidosa para o exterior, à margem do sistema financeiro nacional".

    Para isso, segundo o Ministério Público Federal, usava os serviços da Mossak Fonseca para criar offshores em paraísos fiscais a clientes de modo a ocultar a real propriedade do dinheiro, como o originado de propinas pagas em função de contratos da Petrobras.

    "Os serviços disponibilizados pela instituição financeira investigada e pelo escritório Mossack Fonseca foram utilizados, dentre diversos outros clientes do mercado financeiro de dinheiro 'sujo', por pessoas e empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato, sendo possível concluir que recursos retirados ilicitamente da Petrobras possam ter transitado pela instituição financeira investigada", afirma a PF.

    A Mossak já foi alvo da Lava Jato, na 22ª fase da operação e é centro do escândalo Panama Papers.

    ANONIMATO

    Os alvos da ação desta quinta são funcionários e representantes do FPB Bank. Foram emitidos dez mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva em São Bernardo, Santos e São Paulo nas casas e escritórios de funcionários do banco. Não há prisões.

    "Os funcionários do banco panamenho no Brasil, além de atuarem de forma clandestina, garantiam anonimato aos seus clientes, pois, a partir da constituição das offshores, abriam e gerenciavam contas bancárias no exterior em seus nomes, permitindo a ocultação dos valores, havendo evidências de que offshores fornecidas pela Mossack foram usadas para ocultar recursos provenientes dos desvios perpetrados em detrimento da Petrobras", afirmou a Procuradoria.

    Foram identificadas 44 offshores abertas pela Mossak por solicitação dos investigados.

    Para a procuradora da República Jerusa Viecili, a complexidade do suposto esquema pode ter facilitado a ocultação de recursos públicos desviados.

    "Mais e mais criminosos terceirizam a lavagem para diminuir riscos, recorrendo a operadores financeiros, bancos clandestinos ou fábricas de offshores", disse.

    32ª fase da Lava Jato - Operação Caça-Fantasmas

    Edson Fanton é parente em primeiro grau do delegado da Polícia Federal Mário Renato Castanheira Fanton, que acusou a cúpula de delegados da Operação Lava Jato de irregularidades e coação, como a instalação de um grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef.

    O delegado, juntamente com um agente da PF, apontados como "dissidentes", foram denunciados por se associarem para ofender a honra dos colegas.

    Segundo a PF, o nome da operação, "Caça-fantasmas", faz referência à "verdadeira extensão obscura da instituição bancária [FPB Bank] no Brasil, bem como a vasta clientela que utiliza de seus serviços e do escritório Mossak Fonseca para operações financeiras com características de ilicitude e de forma oculta".

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