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    Análise

    Cunha quer aliado no comando da Câmara para impedir cassação

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    07/07/2016 14h16

    Alan Marques/Folhapress
    Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anuncia renúncia à presidência da Câmara
    Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anuncia renúncia à presidência da Câmara

    Com a renúncia à presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pretende ter um aliado comandando a Casa durante sessão em que será votado o seu processo de cassação, já que Waldir Maranhão (PP-MA), que ocupa o cargo interinamente, rompeu com ele havia algum tempo.

    O peemedebista anunciou sua saída da presidência da Câmara nesta quinta-feira (7) em uma coletiva de imprensa, durante a qual chorou. Ele disse que está "pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment" da presidente afastada, Dilma Rousseff.

    Agora, a Câmara tem cinco sessões para realizar novas eleições para o cargo. Cunha estava afastado desde o dia 5 de maio, por decisão do Supremo Tribunal Federal.

    Com a renúncia, Cunha acredita que pode tentar reverter votos na Comissão de Constituição e Justiça para fazer o caso voltar ao Conselho de Ética e, quem sabe, salvar seu mandato.

    O presidente da Câmara pode influir decisivamente na realização e na condução da sessão em que a cassação será analisada. Para que Cunha perca o mandato, é preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados. Ou seja, ausências e abstenções durante a sessão contam a seu favor.

    Cabe ao presidente da Câmara marcar a data dessa sessão –ele pode, por exemplo, escolher um dia de possível plenário esvaziado.

    Além disso, na condução da sessão cabe a ele uma série de decisões que podem contar a favor ou contra Cunha. Exemplo: ele pode encerrar a votação rapidamente, evitando que haja um quórum maior, ou protelar esse encerramento por um tempo indeterminado, contribuindo para uma presença mais expressiva de deputados.

    A condução por Cunha da votação que aprovou a abertura do processo de impeachment contra Dilma, por exemplo, é apontada por aliados da petista como um dos fatores que contribuíram para o resultado. Entre outras decisões, coube a Cunha escolher um domingo como a data da votação, com o objetivo de aumentar a exposição televisiva da sessão.

    Ele também foi o responsável por decidir que a votação seria por chamada nominal ao microfone, além de ter dado aos deputados tempo para se manifestar politicamente ao proferirem o voto.

    Denúncias contra Cunha

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