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    Repasse de empreiteira a Henrique Alves chegou a R$ 1,6 mi, diz delação

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    DE BRASÍLIA

    08/07/2016 21h36

    Antonio Cícero/FramePhoto/Folhapress
    O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, em evento em março
    O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, em evento em março

    O ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, recebeu R$ 1,6 milhão da empreiteira Carioca Engenharia em uma conta na Suíça da qual é beneficiário final.

    Segundo a delação premiada dos empresários da Carioca Engenharia, os pagamentos eram propina em troca da liberação de recursos do FI-FGTS para o projeto do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e foram feitos por indicação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Os dados foram obtidos pela PGR (Procuradoria-Geral da República) com as autoridades suíças e corroboraram a delação da Carioca.

    Foram detectadas três transferências, no fim de 2011, de uma conta em nome de uma offshore da Carioca Engenharia para a conta aberta em nome da offshore Bellfield Investment Ltd, cujo beneficiário econômico é Henrique Eduardo Alves.

    A primeira, em 4 de outubro de 2011, foi de R$ 660 mil. A segunda, em 18 de novembro, de R$ 661 mil. A terceira, em 7 de dezembro, de R$ 326 mil. Os valores foram convertidos pela PGR em reais. As transferências ocorreram em francos suíços.

    A Folha revelou na terça-feira (5) que, segundo a PGR, a conta na Suíça foi indicada por Cunha aos empresários da Carioca Engenharia, sem avisá-los de que o beneficiário seria Henrique Alves.

    A PGR também descobriu que, da conta do ex-ministro do Turismo, partiram transferências em 2014 e em 2015 para contas no Uruguai e em Dubai, mas ainda não foram descobertos os titulares.

    Segundo os documentos do banco Merrill Lynch, Henrique Alves usou documentos como seu passaporte e o endereço do apartamento funcional da Câmara para a abertura da conta.
    Os investigadores também detectaram semelhanças entre a conta de Alves e uma das contas abertas por Cunha no exterior em nome de um trust, entidade jurídica que administra bens de terceiros.

    No formulário a respeito de quem indicou a instituição financeira, Henrique Alves declarou ter sido Cunha.

    Além disso, o endereço da offshore Bellfield é o mesmo da offshore Netherton, ligado a Cunha -uma localidade em Cingapura.
    Ambos usaram o escritório uruguaio Posadas y Vecinos para abertura das contas, os mesmos procuradores e a mesma data de abertura, 3 de setembro de 2008.

    Por ter recebido os pagamentos na conta da Suíça, Henrique Alves foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cunha também foi denunciado no mesmo caso.

    OUTRO LADO

    Em nota, o advogado do ex-ministro, Marcelo Leal, afirmou que ele "nega veementemente ter recebido qualquer recurso indevido como vantagem pessoal em contas no Brasil ou no exterior e repudia o vazamento seletivo de informações em desrespeito à legislação e às garantias constitucionais".

    Já Cunha nega, por meio de sua assessoria, ter pedido propina a Alves. "Não pedi propina nem para mim, nem para ninguém e desminto a afirmação", disse.

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