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    operação lava jato

    Fama de rico de Eike Batista liberou negócio na Caixa, diz delator

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    11/07/2016 17h15

    Ricardo Moraes - 26.abr.2012/Reuters
    Brazilian billionaire Eike Batista (L), CEO of EBX Group, gestures to the audience during a ceremony in celebration of the start of oil production of OGX, his oil and gas company, at the Superport Industrial Complex of Acu in Sao Joao da Barra in Rio de Janeiro in this April 26, 2012 file photo. As Batista's EBX industrial empire crumbles, it increasingly resembles his most visible accomplishment, the Port of Acu. In other words, a pile of sand in the middle of a swamp. To build the $2 billion iron ore and oil terminal, shipyard and industrial park 300 kilometers (190 miles) north of Rio de Janeiro, the world's largest dredging ship cut through the beach and dug 13 kilometers (8 miles) of docks out of dune and marsh. To keep tenants dry, the sandy waste is being piled as much as 15 meters over the surrounding flood plain. Picture taken April 26, 2012. To match Analysis BRAZIL-BATISTA/ REUTERS/Ricardo Moraes/Files (BRAZIL - Tags: ENERGY BUSINESS) ORG XMIT: RJO89 ***FOTO EM ARTE E NÃO INDEXADA***
    Eike Batista em cerimônia de início da produção de poço no RJ, em 2012

    O título de homem mais rico do Brasil e a presença do empresário Eike Batista na lista das dez pessoas mais abastadas do mundo fizeram os negócios do grupo EBX com o fundo de investimentos do FGTS deslancharem, segundo a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto.

    Cleto afirmou aos investigadores da Lava Jato que a LLX, empresa de logística do grupo EBX, fez uma captação no fundo, via emissão de debêntures no valor de R$ 750 milhões, em maio de 2012. A operação tinha o objetivo de financiar a construção do Porto de Açu, no Rio, e se tratava de um complexo industrial atrelado ao porto.

    O delator afirmou que o negócio enfrentou resistências para receber aval da diretoria e só foi aprovado depois que Eike assumiu, como pessoa física, os riscos da operação. A negociação era considerada de risco porque estava condicionada a que o porto ficasse pronto e operacional e tivesse, então, recebíveis.

    Cleto disse que o Otávio Lazcano, ex-diretor do grupo, deixou uma reunião para telefonar ao empresário. Ele, diz o delator, voltou "com a solução de que o Eike daria um aval, na pessoa física, para a operação e que isto solucionava todo o problema, pois na época Eike era uma das dez pessoas mais ricas do mundo e, caso a empresa não pagasse, ele mesmo teria que pagar".

    "Na época, não havia questionamentos sobre o grupo em si, ou seja, não havia nenhuma preocupação com a solvência e saúde financeira do Grupo EBX", completou.

    O delator apontou que Eike tinha interesse em estreitar relações com o fundo. "Que o próprio Eike foi à CEF se encontrar com o depoente e outros vice-presidentes da CEF, para apresentar o grupo, com o objetivo de captar valores, não apenas do FI-FGTS, mas também de outras operações".

    Eike Batista já foi o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, mas seu império desmoronou depois que empresas deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas. A falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo preocuparam investidores, e as ações passaram a cair na Bolsa e, com isso, o patrimônio do empresário começou a encolher e as empresas entraram com
    pedidos de recuperação judicial.

    PROPINA E APOIO

    A Folha revelou em junho que Cleto afirmou em sua delação que a operação no FI-FGTS envolveu o pagamento de propina. O delator disse acreditar que Eike tenha negociado diretamente a vantagem indevida com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e que o total de vantagem indevida seria de R$ 6 milhões.

    "Cunha havia comentado com o depoente que tinha visitado a sede da EBX no Rio de Janeiro. Que esta visita foi na época da operação e no contexto mencionado e, portanto, pode ter sido nesta reunião que Cunha cobrou a propina. Que Cunha comentou com o depoente que fez tal visita também na época da operação".

    Cleto disse que Cunha "pediu ao depoente "apoio" para a operação, que isto significava que Cunha já tinha conversado com a empresa e negociado alguma propina.

    Ele explicou que, quando Cunha pedia "apoio" ao depoente, significava que era para o depoente votar favoravelmente no Comitê de Investimento do FI-FGTS ao projeto.

    OUTRO LADO

    O advogado de Eike, Sérgio Bermudes, afirmou que o delator tem que provar quais itens do seu patrimônio o empresário colocou como garantia e que há uma inversão do ônus da prova.

    Disse ainda que Eike nunca se reuniu com Cunha para tratar de liberação de recursos do FI-FGTS ou de propina e que não tem relacionamento próximo com ele. Sobre uma possível ida à Caixa para apresentar a empresa, o advogado afirmou que Eike inclusive fez "road show" para apresentar as empresas a investidores.

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