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    Na Bahia, Lula diz que Temer privatiza porque não sabe governar

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    ENVIADO ESPECIAL A JUAZEIRO (BA)

    11/07/2016 18h52 - Atualizado às 20h21

    Ricardo Stuckert/Instituto Lula
    Ato Bahia Mais Forte, em Juazeiro com ex- presidente Lula Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O ex-presidente Lula participa de ato com agricultores em Juazeiro, na Bahia

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (11) em Juazeiro, norte da Bahia, que o governo interino de Michel Temer (PMDB) está agindo para "desmontar programas sociais" e "vender o patrimônio" do país.

    "Eles estão tentando criar condições para Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica serem vendidos. Eles não sabem governar e precisam vender o patrimônio público. Mas eles podem saber o seguinte: eu sei [governar]", disse.

    Acusando a oposição de "dar um golpe" na presidente Dilma Rousseff, disse que Temer sabe que o impeachment não é correto.

    "Temer é estudado, é letrado, é advogado. Ele sabe que o impeachment não é uma coisa correta da forma como está acontecendo. (...) Só o povo pode tirar Dilma", disse Lula para um público de cerca de 2.000 trabalhadores rurais.

    Ainda afirmou que o governo Dilma Rousseff (PT) "desandou" depois da eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara em 2015.

    "A coisa desandou de 2015 para cá, sobretudo porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar a Dilma a governar este país", afirmou Lula que, em seguida, emendou: "Me parece que agora ele está para ser cassado".

    CIDADÃO JUAZEIRENSE

    A visita a Juazeiro faz parte de uma programação de três dias de Lula por cidades nordestinas, onde participa de atos contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

    No início da tarde, Lula recebeu o título de cidadão juazeirense da Câmara Municipal em solenidade em um hotel da cidade.

    Ao receber a honraria, Lula agradeceu ao diploma e brincou: "Vou levar lá para São Bernardo do Campo. Não sei se Polícia Federal vai fazer busca e apreensão e querer levar como prova. Mas acho que um diploma de Juazeiro vai impor respeito lá".

    Falando para um público de cerca de cem pessoas, Lula elencou em os feitos do seu governo na região Nordeste, como a criação de universidades e escolas técnicas.

    "A coisa mais importante que fiz no governo foi lembrar a este país que o Nordeste faz parte do Brasil. E lembrar às autoridades que para resolver problema do Nordeste, é preciso incluir a região no orçamento", disse.

    No ato formal, Lula evitou falar em impeachment e citou a presidente Dilma Rousseff (PT) apenas uma vez, ao lamentar que duplicação da ponte entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) não tenha sido concluída.

    "Depois do dia 22 [de agosto], quando a Dilma voltar, Rui [Costa, governador] vai fazer a ponte", prometeu Lula.

    Principal ligação entre as duas cidades, a ponte é duplicada apenas no trecho pernambucano e ganhou o apelido de "ponte picolé" por causa do seu formato.

    LULA SIM, DILMA NÃO

    "Quem aqui melhorou de vida?", gritou o locutor em cima do palco ao anunciar a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Juazeiro. O agricultor Máximo de Souza levanta a mão, animado.

    Desapontado com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Máximo diz estar sem esperanças com o governo interino de Michel Temer. Batizou o novo presidente de "Michel Toma": "Ele está aí para tomar as coisas da gente", disse.

    Mesmo assim, não desmontou entusiasmo com a possível volta da presidente afastada Dilma Rousseff. "Ela até pode vir, mas a gente quer mesmo Lula, não Dilma", disse.

    O sentimento era compartilhado por outros trabalhadores presentes no ato, no qual o nome da presidente foi pouco citado nos discursos.

    Vendedor de sorvetes, Raimundo Cruz, 48, afirmou que o impeachment foi "uma coisa dos ricos de São Paulo e do Rio de Janeiro" para afastar a petista do poder.

    E diz esperar que o ex-presidente Lula retorne ao cargo: "Ele foi o melhor presidente para o povo pobre".

    Mesmo com a boa recepção, o ex-presidente precisou do apoio de "caravanas" de agricultores para encher os atos que participou em Juazeiro e Petrolina (PE).

    Na cidade pernambucana, um público minguado se concentrava em frente a um palco montado para o "ato contra o golpe".

    Do palco, a locutora pedia para o público não esmorecer: um grande grupo deslocava-se de Juazeiro para a cidade vizinha a pé. Parte deles veio de outros estados banhados pelo rio São Francisco como Bahia, Alagoas, Sergipe e até a longínqua Minas Gerais.

    ATO 'CONTRA O GOLPE'

    Na noite desta segunda, Lula participa de um protesto ato pela democracia e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) na orla de Petrolina (PE).

    Antes disso, participo do ato de lançamento da candidatura a prefeito de Juazeiro de Paulo Bonfim (PCdoB).

    Nesta terça (12), o ex-presidente segue para as cidades de Carpina e Caruaru, em Pernambuco, onde participa de encontro com agricultores e de ato pela democracia.

    A programação será encerrada na quarta-feira (13) com um ato público no Recife.

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