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    Pivô de esquema 'sempre teve poder' sobre Rosso, diz testemunha

    DANIELA LIMA
    AGUIRRE TALENTO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    11/07/2016 23h19

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 16-04-2016, 14h00: Sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na câmara dos deputados. O presidente da câmara dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preside a sessão. O dep. Rogerio Rosso (PSD-DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O deputado Rogerio Rosso (PSD-DF), cotado para substituir Cunha na presidência da Câmara

    Uma testemunha dos processos relacionados ao escândalo conhecido como "mensalão do DEM" afirmou à Justiça que o principal delator do esquema de distribuição de propina a políticos do DF "sempre teve poder" sobre o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), favorito na disputa à presidência da Câmara.

    Em depoimento no dia 29 de junho, o técnico de informática Francinei Arruda disse que Durval Barbosa —ex-secretário do Governo do DF que gravou vídeos de uma série de políticos recebendo propina— também havia filmado Rosso recebendo vantagens indevidas, mas omitiu o vídeo dos investigadores.

    Segundo Francinei, o próprio deputado "tem conhecimento do vídeo", o que o deixava em situação vulnerável. "Na verdade, ele [Durval Barbosa] sempre teve poder sobre o Rogério. Ele consegue nomeações, tem crédito com o Rogério. O próprio Rogério tem conhecimento do vídeo. O Rogério nem gosta dele, mas tem que se reportar."

    A afirmação de Francinei de que Rosso também havia recebido propina já havia vindo a tona, mas na noite desta segunda-feira (11) o site "O Antagonista" publicou vídeo com a íntegra do depoimento da testemunha.

    Francinei foi escalado por advogados de defesa que querem provar que Durval omitiu provas do Ministério Público e, com isso, anular seu acordo de delação.

    Na primeira menção ao caso, Rosso divulgou nota negando o relato e atribuindo o depoimento de Francinei a uma "tentativa espúria" de associar seu nome no "rol de envolvidos nesse processo". Ele disse ainda que esta é uma "tentativa sorrateira de denegrir" sua reputação "num momento de disputa pela presidência da Câmara".

    Procurado novamente nesta segunda (11), reafirmou o conteúdo da nota e disse que não comentaria "o baixo meretrício da política distrital".

    Francinei era o técnico em informática que auxiliava Durval no processo de extração e edição das gravações que o ex-secretário do GDF fez de políticos locais.

    Durval se tornou delator e entregou fitas que culminaram com a queda do ex-governador José Roberto Arruda–ele chegou a ser preso. O escândalo abalou toda a classe política do DF. Com a vacância do governo, Rosso acabou vencendo uma eleição indireta para um mandato tampão e concluiu o mandato de Arruda.

    O técnico de informática disse, por exemplo, que ele próprio foi nomeado por Rosso para cargos no governo, durante o mandato-tampão, a pedido de Durval Barbosa. Ele disse ainda que trabalhou diretamente para o deputado federal e seu partido, o PSD, durante a fundação da sigla e que, algumas vezes, recebia em dinheiro.

    "Quando trabalhei no PSD, recebia por fora", disse. "Recebia em mão. Não tinha nenhum vínculo com nenhuma empresa, nem com o partido." Francinei se filiou ao PSD e seu cadastro consta como ativo na Justiça Eleitoral.

    NO STF

    Rosso não aparece como investigado no "mensalão do DEM", mas se for eleito presidente da Câmara pode assumir o cargo sob a mira do STF (Supremo Tribunal Federal). No último dia 1º, o TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal) determinou o envio à corte de uma investigação aberta contra ele sob acusações de compra de voto e peculato (desvio de recursos públicos).

    O caso envolve o mandato-tampão de Rosso como governador do DF, em 2010. A suspeita é de que servidores nomeados por ele foram usados para a campanha eleitoral de Liliane Roriz (PTB-DF) ao cargo de deputada distrital.

    A investigação deve chegar ao Supremo nos próximos dias. Depois disso, a PGR (Procuradoria-Geral da República) precisa se pronunciar sobre a abertura do inquérito. Em nota, Rosso informou que "não lhe pode ser imputado suposta prática de qualquer infração eleitoral" porque não concorreu às eleições de 2010. O clã Roriz é o berço político de Rosso.

    O deputado não é, entretanto, o único entre os postulantes à presidência da Câmara que corre o risco de entrar na mira do Supremo.

    O celular apreendido do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro revelou troca de mensagens entre ele e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que desponta como principal antagonista de Rosso.

    Os textos mostram que Maia pediu recursos para sua última campanha eleitoral a Pinheiro –há doações da OAS registradas na prestação de contas do deputado. Ele ainda tratou de assuntos do Legislativo, como uma Medida Provisória. Maia nega qualquer irregularidade.

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