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    Hoje derrotar o impeachment é mais fácil do que antes, diz Lula em PE

    KLEBER NUNES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RECIFE

    12/07/2016 13h35 - Atualizado às 22h56

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante entrevista a uma rádio em Petrolina (PE) nesta terça-feira (12), que o momento atual está "mais fácil" para derrubar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso. Segundo cálculos do petista, o resultado do processo está nas mãos de seis senadores.

    "Hoje derrotar o impeachment é mais fácil do que antes", disse Lula à "Rádio Jornal". "Antes você tinha uma Câmara incontrolável. Agora Dilma está dependendo de seis votos, são seis senadores que podem mudar o destino do país, devolvendo a Dilma o mandato popular que o povo deu a ela e, portanto, somente o povo poderia tirá-la".

    Um dia antes, na passagem por Juazeiro (BA), Lula aproveitou para criticar o presidente interino, Michel Temer. Segundo o petista, Temer privatiza "porque não sabe governar".

    Na ocasião, ele também jogou a culpa da crise política para o deputado Eduardo Cunha (PMDB), que deve enfrentar um processo de cassação. Ele afirmou que "a coisa desandou" desde o ano passado principalmente "porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar Dilma a governar este país". Pela noite, durante ato em Petrolina, o ex-presidente fez críticas ao Legislativo, dizendo que o Congresso Nacional "assaltou" o poder da presidente afastada.

    As visitas a Bahia e Pernambuco fazem parte de uma sequência de três dias de visitas de Lula a cidades nordestinas, onde ele participa de atos contra o impeachment da presidente.

    'DISCUSSÕES COM DILMA'

    Na entrevista à rádio de Petrolina, o ex-presidente afirmou ainda ter discutido em diversas ocasiões sobre o cenário econômico do Brasil com a presidente afastada, "dizendo o que eu acho que deve ser feito, mas a gente respeita a pessoa que está no mandato, que diz o que quer e como quer".

    "O país estava bem arrumadinho com uma taxa de desemprego de 4,3%, coisa de primeiro mundo. De repente desandou. Uma mistura de coisas equivocadas na economia, de uma política feita praticamente para tentar evitar que a presidenta governasse, era pauta bomba todo dia dentro da Câmara", disse.

    O ex-presidente criticou a ação da Polícia Federal que o levou para depor, em março; Lula se disse ofendido por ter a sua casa invadida pelos agentes.

    "Eu não estou acima da lei, mas acho que temos que ter cuidado com o abuso de autoridade deputado, prefeito, governador, presidente, polícia, todo mundo tem que agir de acordo com a lei", disse.

    Na entrevista, mais uma vez, Lula falou da possibilidade de ser candidato à Presidência em 2018. "Queria voltar a viver minha vida tranquila com minha mulher, mas quem entra na politica é uma desgraça. É como dizem: política é igual a boa cachaça tomou a primeira você não quer parar mais. Eu não tinha mais interesse [em ser candidato], queria uma pessoa nova com 45, 50 anos para governar esse país com a mesma vontade que eu tinha", afirmou.

    Em uma breve análise do cenário mundial, Lula afirmou que um dos problemas no mundo atualmente é a falta de lideranças. O exemplo mais recente seria a saída do Reino Unido da União Europeia.

    "Na América Latina, há um problema sério, um processo de 'direitização' e temos que lutar contra isso", disse, na entrevista. "Uma das possibilidades que tenho de voltar a ser candidato é se começarem a destruir as políticas sociais que nós fizemos."

    Depois de passar por Juazeiro e Petrolina, Lula participará da Plenária do 2° Conselho Deliberativo da Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Pernambuco) nesta terça, às 16h, em Carpina (PE).

    Na quarta-feira (13), o ex-presidente irá ao Ato da Frente Brasil Popular em Caruaru, agreste pernambucano, às 10h. A passagem de Lula pelo Nordeste em busca de apoio a Dilma terminará no Recife, em ato pela defesa da democracia, marcado para às 19h.

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