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    Muitos criticaram e hoje me indicam, diz advogado pioneiro de delações

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    17/07/2016 00h00

    Zanone Fraissat - 25.nov.14/Folhapress
    CURITIBA/PR BRASIL. 25/11/2014 - Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef chega ao predio da policia federal em Curitiba.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
    O advogado Antonio Figueiredo Basto no prédio da Polícia Federal em Curitiba (PR)

    Na tarde de quinta-feira, 30 de junho, Antonio Figueiredo Basto atendia a Folha em seu escritório quando o celular tocou. "Não sou mais advogado de Funaro. Não sei quem é o advogado dele agora", disse a uma jornalista.

    Colocou o aparelho no silencioso, mas minutos depois foi interrompido pelo telefone fixo. "Não, não sou advogado dele", disse, já demonstrando irritação.

    A notícia do dia era a prisão do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que eles negam. Circulava o boato de que Funaro levara para a cadeia uma delação pronta.

    Nessas horas, o nome que vem à cabeça é o de Basto.

    Veterano das delações, Basto começou a trajetória 12 anos antes, no caso Banestado, que hoje parece um ensaio da Lava Jato.

    O advogado defendeu na época o mesmo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros a colaborar com a atual operação que investiga o petróleo, num processo contra o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força tarefa atual, em que o juiz da instrução era Sergio Moro.

    "Dei sorte de nascer em Curitiba", afirma Basto. Youssef foi a primeira das quatro delações que o advogado negociou no caso Banestado.

    Na Lava Jato, contabiliza 20 clientes delatores. "Naquela época disseram que eu iria enterrar a minha carreira", disse. "Muitos dos advogados de São Paulo que me criticaram hoje me indicam para os seus clientes."

    Basto não rejeita o carimbo de advogado das delações, mas diz que essa nunca é sua primeira estratégia. "Durante a Lava Jato eu discuti durante sete meses várias teses, até mesmo o impedimento do Moro. Mas teve uma hora em que não havia mais espaço para defender por essa via", afirma o defensor.

    "A minha prioridade é soltar o cliente, se falam mal de mim, eu nem ligo. Eu quero que a mãe do cliente não chore; se a mãe de outro acusado chorar, não me importo."

    Os advogados de Curitiba costumam classificá-lo como estudioso, bem preparado e bom negociador. Em São Paulo, o adjetivo mais usado para defini-lo é "complicado".

    "Fui objeto de maledicências. Diziam que eu era sócio do Moro e que eu vendia delação. Nem liguei. Não entrei na advocacia para ficar amigo de advogados."

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