• Poder

    Friday, 03-May-2024 05:39:20 -03

    Lava Jato

    Em depoimento à Lava Jato, deputado nega conluio e aliança com Cunha

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    25/07/2016 21h30

    O deputado federal Sérgio Brito (PSD-BA) foi ouvido nesta segunda-feira (25) pela Justiça federal em Salvador como testemunha no processo em que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) é acusado de receber propina no aluguel de navios-sonda pela Petrobras.

    Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, o deputado baiano teria, a pedido de Cunha, assinado em 2011 dois requerimentos que pediam informações sobre auditorias em contratos da Petrobras com a Mitsui, empresa responsável pelo aluguel do navio-sonda. A denúncia é baseada na delação premiada do doleiro Alberto Youssef.

    No depoimento, o deputado baiano negou ser aliado de Cunha e afirmou ter um histórico de desavenças e disputas com o ex-presidente da Câmara.

    Disse que enfrentou oposição de Cunha na disputa pela comissão de Fiscalização e Controle da Câmara e que também apoiou o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), notório adversário do peemedebista para comandar o Conselho de Ética.

    Brito foi membro titular do Conselho de Ética até fevereiro deste ano e teve atuação pró-Cunha durante a tramitação do pedido de cassação do então presidente da Câmara.

    Em novembro, pediu vista do processo contra Cunha, adiando a votação da admissibilidade. No mês seguinte, pediu adiamento da análise do relatório do deputado Fausto Pinato (PP-SP), então relator do processo contra o peemedebista.

    Em fevereiro deste ano, Sérgio Brito pediu afastamento do Conselho de Ética "por motivos de saúde,", abrindo espaço o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), que era declaradamente a favor de Cunha.

    REQUERIMENTOS

    No depoimento, o deputado baiano negou ter agido em conluio com Cunha no prosseguimento dos requerimentos que serviram para pressionar a Mitsui a manter o esquema de propinas que teria com um dos beneficiários o ex-presidente da Câmara.

    Um dos requerimentos pedia ao TCU informações sobre auditorias em contratos da Mitsui com a Petrobras. O outro pedia ao Ministro de Minas e Energia, informações e cópia do todos os contratos, aditivos e respectivos processos licitatórios, envolvendo o Grupo Mitsui e a Petrobras.

    À Folha, Brito afirmou ter assinado os dois requerimentos feitos pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) e deu prosseguimento a ambos na condição de presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

    "Foi uma mera formalidade. Eu era presidente da Comissão e assinei o requerimento para dar seguimento a ele. Não cabia a mim arquivar", afirmou.

    O deputado Sérgio Brito ainda disse no depoimento não conhecer a Mitsui ou o seu executivo Júlio Camargo, que representava a empresa Samsung –uma das sócias do navio-sonda alugado à Petrobras.

    A Folha apurou que o advogado de Cunha tentou suspender o depoimento de Brito, alegando que o deputado poderia se autoincriminar caso fosse ouvido. O pedido foi considerado improcedente pelo juiz.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024