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    Lula tenta reatar com as bases e promove retorno às origens

    DANIELA LIMA
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    26/07/2016 02h00

    Ricardo Stuckert/Instituto Lula
    13/07/2016 - Pernambuco - Visita ao Assentamento Normandia, do MST. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Lula em visita a assentamento do MST em Pernambuco

    Há duas semanas fotografias de um Luiz Inácio Lula da Silva de camisa social e blazer deram lugar, nas redes sociais, a um retrato em que o ex-presidente aparece de guaiabeira vermelha –uma típica vestimenta cubana– e chapéu de cangaceiro.

    Não foi por acaso. A troca é o símbolo mais evidente de uma guinada estratégica que o petista vem formulando internamente para tentar reatar com suas bases eleitorais e sobreviver politicamente.

    Não chega, porém, a ser uma tática inédita. Em sua trajetória, o ex-presidente sempre voltou às origens nos momentos de crise.

    Mas ele nunca havia passado por uma situação tão dramática. O ex-presidente viu seu patrimônio e legado político derreterem nos últimos meses com o avanço da Operação Lava Jato. Foi denunciado sob acusação de tentar obstruir a investigação e é investigado por suposta ligação com imóveis que teriam sido reformados por empreiteiras alvos da operação.

    Segundo a última pesquisa Datafolha, Lula é rejeitado por 46% do eleitorado –o pior índice entre os testados para a eleição presidencial de 2018. Apesar de liderar os cenários para o primeiro turno, não aparece numericamente à frente de nenhuma hipótese de segundo turno.

    O ápice do desgaste culminou com o afastamento de sua afilhada política, Dilma Rousseff, da Presidência.

    Nesse cenário, Lula decidiu mergulhar no ambiente que lhe é mais afeito. Passou a priorizar agendas com movimentos de esquerda e viagens ao Nordeste –na região, é o presidenciável preferido de 39% da população.

    APOIO A HADDAD

    Seguindo a mesma lógica, a cúpula do PT quer priorizar sua participação nas eleições municipais às periferias das grandes cidades, principalmente em São Paulo.

    Durante convenção que formalizou a candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad, no domingo (24), Lula mais uma vez usou o chapéu de cangaceiro e disse que era preciso "ir para a periferia falar com nosso povo".

    Diante da rejeição ao PT na cidade e dos 8% de intenção de votos de Haddad no Datafolha, a ordem na sigla é reconquistar o eleitorado petista, que perdeu musculatura nos últimos anos.

    Lula tem se dedicado pessoalmente a isso, de olho não só nas eleições municipais, mas em sua biografia.

    São comuns relatos de que o ex-presidente exibe agora certo "abatimento", o que também teria favorecido a busca por sua "zona de conforto". Aliados têm dito que ele se "re-energiza" e "ganha fôlego" ao desempenhar atividades com eleitores fiéis.

    Há menos de duas semanas, no Nordeste, visitou assentamentos de sem-terra e cooperativas de agricultores.

    Lula recorreu ao mesmo expediente em 2006, quando disputou a reeleição logo após o estouro do escândalo do mensalão. À época, fez campanha distribuindo panfletos na porta de uma fábrica de automóveis no ABC paulista, seu berço político.

    Em 2010, quando tentava eleger a sucessora, repetiu a agenda em circunstâncias semelhantes ao lado dela.

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