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    Lula diz que investigação tem que provar que ele é dono de imóvel

    CAROLINA LINHARES
    DE SÃO PAULO

    29/07/2016 17h03 - Atualizado às 18h19

    Marlene Bergamo/Folhapress
    PODER - SP - O Presidente Lula fala no Seminario Nacional do Sistema financeiro e Sociedade. 29/07/2016 - Foto Marlene Bergamo/Folhapress - 017
    O ex-presidente Lula fala em evento em São Paulo nesta sexta-feira (29)

    No dia em que se tornou réu sob suspeita de obstrução de Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não ter que provar que não é dono dos imóveis investigados na Operação Lava Jato –uma segunda suspeita que pesa contra ele.

    "Eu já cansei. Eu não tenho que provar que tenho apartamento. Quem tem que provar é a imprensa que acusa, o Ministério Público Federal, que diz que eu tenho, a Polícia Federal, que diz que eu tenho", disse Lula nesta sexta-feira (29). "Eles que têm que apresentar documento de compra, pagamento de prestação, algum contrato assinado. Porque, se eu não tiver, em algum momento eles é que terão que me dar de presente uma chácara e um apartamento", completou.

    Sobre a denúncia de obstrução de Justiça, Lula apenas comentou que acabara de receber a notícia.

    "Eu não ia falar dos meus problemas pessoais, mas fiquei sabendo aqui que foi aceita uma denúncia contra mim de obstrução de Justiça. Eu não conheço, é apenas a notícia, vamos ver o que que é", disse durante a 18º Conferência Nacional dos Bancários, organizada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em São Paulo.

    Nesta sexta, a Justiça Federal de Brasília recebeu denúncia e transformou em réus, além de Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais cinco pessoas acusadas de participar de uma trama para comprar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

    "Duvido que tenha alguém mais cumpridor da lei do que eu. A única coisa que eu quero é respeito, que não haja julgamento pelas manchetes e vazamentos mentirosos contra pessoas inocentes", disse Lula.

    Ele voltou a afirmar que pode concorrer na eleição de 2018. "Se o objetivo de tudo isso é me tirar de 2018, não precisa fazer isso, a gente pode escolher outros candidatos com mais qualidade. Agora, essa provocação me dá uma coceira [de ser candidato]."

    A Operação Lava Jato investiga ainda se Lula foi beneficiado por reformas realizadas por empreiteiras no sítio e em um tríplex em Guarujá. O ex-presidente tem negado ser proprietário dos imóveis.

    Um laudo da Polícia Federal tornado público nesta quinta (29) indica que Lula orientou a reforma da cozinha do sítio em Atibaia, feita pela empreiteira OAS.

    Também nesta quinta, a defesa de Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU contra o juiz Sergio Moro. Segundo a defesa, Moro violou direitos ao prejulgar o ex-presidente em documento enviado ao STF e divulgar conversas telefônicas do petista.

    A ex-ministra Tereza Campello e o presidente da CUT, Vagner Freitas, também participaram do evento.

    IMPEACHMENT

    Lula chamou o processo de impeachment de Dilma Rousseff de golpe parlamentar. "O que fizeram foi vingança política", disse.

    "Ainda trabalhamos com a possibilidade de convencer alguns senadores", afirmou ele, convocando a plateia a enviar mensagens de Whatsapp para convencer os parlamentares.

    "Manda mensagem pro senador pra ele criar vergonha na cara e não dar um golpe parlamentar. O voto que eles derem terá um preço histórico."

    Ainda nesta sexta, no 18º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), Lula também pediu que os militantes usem o celular para convencer os senadores a votar contra o impeachment.

    "Todos nós sabemos que está faltando seis votos. [...] Mas não dá pra ir pra rua segunda, terça, quarta... Já que a gente não pode gritar toda hora, vamos zapear toda hora", disse.

    Lula criticou os senadores que votaram pela admissibilidade do impeachment: "quem vota na admissibilidade é para sacanear depois, ninguém leva o boi pro matadouro para salvar depois".

    "Aquilo que eles acharam feio em 1964 é menos feio do que estão fazendo agora", afirmou, lembrando que os militares usaram o argumento do combate ao comunismo para implementar o golpe.

    "Agora não tem justificativa. Os comunistas são pacíficos, somos paz e amor", disse. "Agora o golpe é mais cínico. Inventaram um crime de responsabilidade e inventaram um crime político."

    O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, presente no evento, entregou um livro didático da rede municipal sobre história da África ao ex-presidente.

    "Cada vez que o Lula é agredido, eu tenho vontade de dar um presente pra ele, então eu trouxe um presente hoje", disse.

    O evento contou ainda com a presença do candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT), da vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), da presidente da UNE, Carina Vitral, da presidente do PC do B, Luciana Santos, e do presidente da UJS, Renan Alencar.

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