• Poder

    Monday, 06-May-2024 12:30:59 -03

    Eleições 2016

    País está um caos por falta de disciplina, afirma Bia, mulher de Doria

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    31/07/2016 02h00

    Reprodução
    Bia Doria em seu atelie, na Vila Olimpia. Credito Reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Bia Doria, mulher de João Doria, em seu ateliê, na Vila Olímpia

    Dona da décima maior residência da cidade de São Paulo, a artista plástica Bia Doria, 52, tem insistido para o marido comprar terrenos vizinhos. "Gosto de espaço. Nasci em fazenda e vi meu pai desbravar terras em Santa Catarina", justifica.

    O companheiro, apresentador de TV, empresário e candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, João Doria, põe limites. "Desde que Dilma assumiu [a presidência], ele pede para fazermos economia em casa", ela lembra. "Menos viagens, menos compras, nada de ficar com ar condicionado ligado direto."

    Hoje, Bia dá razão ao marido. "Ele tem visão de futuro. Você vê a recessão em que estamos agora", observa.

    Planejamento é o que diferencia Doria dos adversários, afirma. "Muitos que estão aí não têm visão de futuro, pensam neles mesmos."

    O rigor com que o marido administra a casa, aposta Bia, fará diferença em uma eventual gestão da cidade. "Ele é hiperorganizado, nunca atrasa uma conta", relata.

    Na casa da família, no Jardim Europa (zona oeste de São Paulo), onde o casal mora com os filhos Johnny (João Doria Neto), 22, Felipe, 15, e Carolina, 14, e sete cachorros, "ai de quem deixa uma lâmpada acesa". E a regra vale também para os adultos.

    "João não vai dormir enquanto não limpa tudo. Eu digo: João, amanhã eu arrumo. Mas ele não deita se tiver uma coisa fora do lugar."

    Doria mostra o mesmo perfeccionismo em campo. Ajeitou o crachá do governador paulista, Geraldo Alckmin, seu padrinho político, antes de uma entrevista que dariam juntos. Pediu silêncio a uma sala lotada de políticos para conversar com jornalistas.

    É "obcecado" com trabalho e organização, nota a mulher.

    ROMANCE

    João e Bia se conheceram em 1987. Ele era presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) e ela, assessora de relações públicas do instituto. João andava a passos largos, mas, certa vez, desacelerou ao passar por Bia.

    Dias depois, o chefe convidou a funcionária para jantar. "Respondi 'sim, senhor', tremendo", ela lembra, rindo. Um mês depois, namoravam. Em seis anos, casaram-se.

    Logo tiveram Johnny e queriam mais filhos. Bia tinha uma loja de roupas, ocupação que a deixava muito estressada. "João um dia chegou em casa e falou: ou a loja ou o casamento. Fiquei com o casamento."

    Nesse período, ela passou a fazer esculturas. Preferia bronze e mármore, mas o marido insistia tanto para que usasse madeira que ela esculpia escondida. "Hoje as pessoas só querem madeira. Ele tem visão", repete a artista.

    Ela agora expõe dentro e fora do país. Uma das mostras, porém, foi cancelada depois de a Folha revelar que Bia pediu patrocínio à Apex Brasil, agência federal de fomento à exportação cujo presidente havia estado em evento de luxo oferecido por Doria.

    A exposição, sobre o desastre ambiental na Amazônia causado pela hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, levaria 50 esculturas de cinco metros de altura cada a Washington.

    "O galerista não podia arcar com o transporte. Não importa que eu seja casada com fulano ou com ciclano", justifica Bia.

    DÍVIDA

    Para ela, a obstinação de Doria é o motivo do descontentamento de tucanos com sua candidatura."Eles não queriam que o João entrasse, porque ele ia desbancar o ninho deles", palpita.

    Bia contou ter sido eleitora do hoje ministro José Serra (Relações Exteriores), um dos principais caciques tucanos críticos de seu marido, mas agora não o admira mais.

    "Se fosse bom administrador, tinha pago pelo menos a campanha política", argumenta a artista.

    Desde 2012, uma queda de braço entre os diretórios nacional e estadual do PSDB arrasta a dívida da campanha municipal de Serra.

    OXIGENAÇÃO

    Felipe, o filho do meio dos Doria, quer deixar o país, como vários amigos já fizeram. "Eu fico o tempo inteiro colocando na cabeça dos meus filhos que não é por causa dos políticos, esses vagabundos que depenaram o Brasil, que a gente vai ser covarde e vai embora. Nós vamos ficar aqui e lutar", prega a mãe.

    Ela acredita que uma eventual eleição de Doria ajudaria a "oxigenar" a política.

    De sua parte, como primeira dama, tentaria impor mais "disciplina" aos cidadãos.

    "Por que estamos neste caos? Porque as pessoas jogam lixo na rua, são mal criadas. Por que os brasileiros que vão para Miami adoram? Porque lá tem leis", diagnostica.

    Filiada ao PSDB há três anos, Bia acompanha Lu Alckmin, mulher do governador, em agendas sociais e tem sua própria atuação.

    Ela diz ser uma das diretoras da Fundação Xuxa Menguel e foi convidada pela dupla sertaneja Victor & Leo para ser madrinha de uma entidade de motivação de jovens. O Natal do Bem, evento anual que faz com o marido, arrecada fundos para hospitais.

    Bia "não quer nem saber" quanto o marido desembolsará na própria campanha, "para não chorar depois". "Mas se for para fazer alguma coisa para mudar essa porcaria que está aí, que gaste."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024