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    o impeachment

    Planalto tenta convencer Renan a antecipar julgamento do impeachment

    GUSTAVO URIBE
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    01/08/2016 19h52 - Atualizado às 21h05

    Alan Marques - 7.jun.2016/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, conversa com Romero Jucá em sessão em junho
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, conversa com Romero Jucá em sessão em junho

    Irritado com a possibilidade de que o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, só seja concluído em setembro, o presidente interino, Michel Temer, atua para tentar antecipar a data do início do julgamento da petista.

    No fim de semana, o STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou a previsão feita em um acordo entre o presidente da corte, Ricardo Lewandowski, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para que a votação final comece em 29 de agosto.

    A expectativa é de que ela demore cerca de cinco dias. De acordo com a legislação, cabe ao presidente do STF comandar o processo de impeachment a partir do momento em que ele é aberto no Senado.

    Para tentar alterar a data, o governo interino começou a atuar junto à base aliada no Senado Federal para que ela convença Renan a antecipar a fase de julgamento para o início da quarta semana de agosto, por volta do dia 25, com sessões também no fim de semana, o que viabilizaria que o processo fosse concluído ainda em agosto.

    A preocupação do Palácio do Planalto é que a votação inviabilize a viagem de Temer para o encontro do G-20, evento marcado para 4 e 5 de setembro, na China.

    Nesta segunda-feira (1º), o próprio ministro Blairo Maggi (Agricultura) reconheceu que o processo pode atrapalhar a viagem programada.

    "Nós estávamos trabalhando com a possibilidade de terminar o processo político em agosto. Eu conversei com o presidente interino, porque ele tem uma viagem do G-20. Óbvio que se levar para setembro, acho que nem o presidente vai viajar nem eu, até porque temos respeito ao rito", disse.

    Além disso, o Planalto teme que a extensão do processo possa atrapalhar a aprovação de pautas pelo Congresso Nacional consideradas essenciais para a retomada do crescimento, como o teto para os gastos públicos e a renegociação das dívidas estaduais.

    O alongamento do processo também gera apreensão com a possibilidade de retaliação por parte do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Para evitar que ele venha a interferir no processo, o governo interino desejava que seu processo de cassação ocorresse após o impeachment de Dilma Rousseff.

    Com a data marcada, no entanto, há a possibilidade que ele seja finalizado antes, ainda em agosto, o que tem levado líderes da base aliada a defender nos bastidores um adiamento da votação da cassação do mandato do peemedebista para setembro.

    Um dos principais articuladores do governo de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) reclamou da data acordada em discurso no plenário do Senado nesta segunda.

    "O mundo espera por uma solução definitiva. No dia 2 de setembro, haverá na China um evento, um encontro internacional do G-20, e lá deverá estar o presidente do Brasil Michel Temer", disse.

    Em sua fala, o peemedebista também fez uma provocação aos que defendem a presidente Dilma.

    "Alguns oradores, aqui, hoje, falaram em golpe. Mas como é golpe? Golpe no Brasil? Golpe à prestação? Nós estamos fazendo o golpe há meses? Então, teremos o golpe parcelado: é o golpe Casas Bahia; é o golpe Ricardo Eletro; é o golpe Magazine Luiza. Você compra à prestação e pega um golpe em 12 meses, em 12 parcelas mensais. É uma brincadeira isto aqui! Não dá para levar o Brasil desse jeito", completou.

    Edilson Rodrigues/Agência Senado
    Sala de comissões do Senado momentos antes do ínicio da reunião da Comissão Especial do Impeachment 2016 (CEI2016).Mesa (E/D):advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) José Eduardo Cardozo;relator da CEI2016, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG); presidente da CEI2016, senador Raimundo Lira (PMDB-PB)Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
    José Eduardo Cardozo, Antonio Anastasia e Raimundo Lira em sessão da comissão do impeachment
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