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    Perto da eleição, políticos trocam de lado em São Paulo

    CATIA SEABRA
    GIBA BERGAMIM JR.
    BRUNO FÁVERO
    DE SÃO PAULO

    07/08/2016 02h00

    Alan Marques - 1º.jul.2014/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 01.07.2014. às 15h30. Deputado Candido Vaccarezza depõe no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O petista Cândido Vaccarezza, que vai apoiar Celso Russomanno (PRB)

    Tucanos ao lado da ex-petista Marta Suplicy (PMDB). Petista histórico flertando com o líder nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB). Uma filha do presidente interino, Michel Temer (PMDB), no palanque do prefeito Fernando Haddad (PT).

    A conturbação política atual produziu um fenômeno na disputa pela prefeitura de São Paulo dentro da lógica de que ninguém é de ninguém.

    O primeiro exemplo de quem está virando a casaca é o do ainda petista Cândido Vaccarezza. Líder do governo Lula e antigo colaborador de Marta Suplicy durante seu mandato de prefeita (2001 a 2004), ele está prestes a declarar voto a Russomanno e se filiar ao PTB.

    Amigo de Campos Machado, presidente do partido, Vaccarezza anunciará sua saída do PT nesta semana.

    Ex-deputado federal, ele não conseguiu se eleger em 2014. Em junho passado, Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, citou seu nome entre beneficiários de propina. Ele nega.

    Já a secretária de Assistência Social da gestão Haddad, Luciana Temer, contrariou os apelos do próprio pai ao aderir à reeleição do prefeito.

    Luciana pediu desligamento do PMDB na semana passada, após a convenção que homologou a candidatura de Marta pelo partido.

    As divergências também abalam o ninho tucano.

    Ex-governador de São Paulo e amigo do ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), o tucano Alberto Goldman declarou que não votará no candidato do partido, João Doria.

    Ele diz que o vice de Marta, Andrea Matarazzo –que deixou o PSDB após ter seu nome rejeitado pelo partido– seria o melhor candidato. Hoje, admite que seu voto deve ser da peemedebista. "Não vejo nenhum problema em votar em Marta", afirmou.

    Líder do governo FHC, o ex-deputado Arnaldo Madeira é outro dissidente. Segundo ele, um grupo de tucanos anunciará neste mês apoio a um adversário de Doria.

    O PSDB rachou na escolha de seu candidato. Sem apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Matarazzo saiu do partido reclamando de favorecimento do Palácio dos Bandeirantes a Doria.

    Com a ex-petista Luiza Erundina (PSOL) –prefeita de 1989 a 1992– na disputa contra Haddad, movimentos contrários ao impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), também se dividem na hora do voto.

    Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, diz que o movimento discutirá apoios nas próximas semanas. Ele admite que o movimento tem maior afinidade com Erundina, embora Haddad tenha atendido a reivindicações do MTST.

    O prefeito autorizou, por exemplo, mudança no Plano Diretor da cidade para aumentar áreas destinadas a moradias populares.

    "O MTST tem uma identidade forte com Erundina e, ao mesmo tempo, entende que o momento é de fortalecimento das alternativas de enfrentamento ao conservadorismo e à direita", disse.

    Frei Betto, que foi assessor especial de Lula no começo de seu governo, declara voto em Erundina. "Votei em Haddad e ele fez muito pela população da periferia, mas falhou na saúde e na ampliação de creches. Erundina tem um programa sintonizado com movimentos sociais e fez uma gestão excelente."

    Amigo da candidata do PSOL há 30 anos, o padre Júlio Lancellotti também declara voto à ex-prefeita, lembrando que não pode explicitar seu apoio em público a favor da candidata do PSOL por orientação da Igreja.

    Ele diz que a municipalização do atendimento à população de rua, ocorrida no mandato dela, é um modelo de "coragem e honradez".

    Entre movimentos de moradia, porém, Haddad, conseguiu manter outros apoios.

    Mesmo elogiando as gestões de Erundina e Marta, a Frente de Luta por Moradia (FLM) diz que ficará com Haddad. "O governo Erundina foi, para a gente, um dos melhores, mas seguia diretrizes do partido, assim como a Marta. Por isso, optamos pela continuidade", disse Carmen Ferreira, líder da FLM.

    Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, diz que criará um comitê sindical para dar suporte a Haddad. "Será um espaço para potencializar a campanha nos movimentos sociais e na periferia", disse Bonfim, que foi assessor da Secretaria de Habitação na gestão Marta.

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