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    Lava Jato

    BMG deve assumir dívida do antigo banco Schahin

    AGUIRRE TALENTO
    MACHADO DA COSTA
    DE BRASÍLIA

    08/08/2016 02h00

    A juíza Celina Teixeira Pinto, da 15ª Vara Cível de São Paulo, determinou que o banco BMG pague um passivo herdado do antigo banco Schahin por investimentos alocados em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas que não foi declarada às autoridades brasileiras e é citada na Operação Lava Jato.

    A offshore S&S Finance Services foi identificada pelo Ministério Público Federal como autora de pagamentos de propina ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais delatores da Lava Jato.

    O BMG comprou o banco Schahin em 2011 por R$ 230 milhões e não reconhece a offshore porque argumenta não ter sido informado da sua existência pelo antigo banco.

    Na decisão, a juíza ordena ao BMG o pagamento de R$ 500 mil aos investidores Edson Mori e Erly Mori, reconhecendo a ligação entre essa offshore e o Schahin.

    O caso pode abrir caminho para cobranças milionárias que já correm na Justiça contra o BMG, por calotes nos investimentos feitos na offshore S&S Finance Services.

    Esses investidores argumentam que não conseguiram resgatar as aplicações.

    Segundo a ação movida pelo advogado Oswaldo Fabris, os títulos de dívidas gerados pela S&S Finance Service ultrapassam R$ 88 milhões.

    A Schahin é investigada na Operação Lava Jato e já admitiu ter cometido ilícitos.

    Dentre os fatos alvos de apurações está a movimentação de recursos secretos no exterior para pagamentos de propina.

    Quando identificou as transferências da S&S para Barusco, no ano passado, o Ministério Público Federal não chegou a apontar quem são os proprietários formais da offshore.

    Mastrangelo Reino - 25.mar.2011/Folhapress
    SAO PAULO,SP, BRASIL,25-03-2011.Salim Taufic Schahin NA PERSONALIDADE CÂMARA ÁRABE, EM QUE FORAM HOMENAGEADOS VIOLETA JAFET E ADIB JATENE.(Foto:Mastrangelo Reino / Folhapress ILUSTRADA) *** EXCLUSIVO MONICA BERGAMO***
    Salim Schahin, presidente do Banco Schahin, que foi investigado na Operação Lava Jato

    RECURSO

    No âmbito da Operação Lava Jato não há investigações sobre quaisquer irregularidades na venda do banco Schahin ao BMG.

    O documento que liga a S&S ao banco Schahin, reconhecido pela Justiça em sua decisão, é uma declaração registrada em cartório pelo então diretor-executivo do banco, Pedro Henrique Schahin, com o timbre oficial do banco. Nela, ele cita a S&S como "nossa companhia".

    "Na declaração (...), que está assinada pelo corréu Pedro Schahin na qualidade de diretor executivo, assim como pelo advogado dos autores, Oswaldo Fabris, também diretor, de fato o então banco Schahin afirma ser proprietário da empresa S&S Finance Services Limited", escreveu a magistrada na sua decisão.

    Ela, porém, extinguiu a acusação contra Pedro Schahin por entender que não há provas de que ele tinha responsabilidade sobre o resgate dos investimentos.

    O advogado Oswaldo Fabris disse que vai recorrer em relação a esse ponto.

    Procurado, o Banco Central informou, por meio de sua assessoria, que não tem registros sobre a S&S nem concedeu autorização para seu funcionamento.

    Afirmou ainda que a empresa não foi incluída no processo de aquisição do banco.

    OUTRO LADO

    O banco BMG disse que a aquisição do banco Schahinpela instituição foi aprovada pelo Banco Central e que a S&S não fazia parte dessa transação.

    Sustentou que nunca teve conhecimento da offshore e que possui manifestação oficial do BC afirmando que não existe registro comprovando que o banco Schahin era dono dessa offshore.

    O BMG afirmou ainda que vai recorrer da decisão "até a última instância".

    Procurada, a assessoria do grupo Schahin disse que o banco foi vendido com "todos os seus ativos e passivos devidamente registrados". Afirmou também que não é parte da ação judicial.

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