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    Deputado leva carne estragada a CPI da Merenda e gera bate-boca

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE SÃO PAULO

    09/08/2016 11h59 - Atualizado às 13h02

    Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress
    Cartazes na av. Paulista, em São Paulo, pedem a abertura de uma CPI para apurar denúncias de desvio de verbas da merenda escolar
    Cartazes em São Paulo pediam a abertura de CPI para apurar suposto desvio de verbas da merenda

    A CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo teve bate-boca na manhã desta terça (9) após o deputado Alencar Santana Braga (PT) levar para o plenário uma embalagem de carne estragada que, segundo ele, foi descartada por uma escola estadual de Mauá (Grande SP).

    Segundo Braga, a embalagem de carne foi recuperada do lixo por um aluno da escola. Apesar de ter sido descartada, a carne estava dentro do prazo de validade.

    A exposição da carne estragada aconteceu durante a oitiva do corregedor-geral do Estado, Ivan Agostinho.

    A Corregedoria, ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), concluiu em relatório em março deste ano que a suposta máfia da merenda não causou danos ao Estado.

    O órgão pediu punições administrativas a dois servidores estaduais: Dione Pavan, da Secretaria de Educação, que perdeu um documento referente à compra de merenda investigada, e Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil e atualmente funcionário da CPTM.

    O episódio com a carne irritou os deputados da base governista que compõem a CPI. Barros Munhoz (PSDB) rebateu a provocação dizendo que a carne era de uma empresa, segundo ele, beneficiada por políticas petistas sob Lula e Dilma Rousseff. Foi o início do bate-boca.

    Enquanto os petistas insistiam que a merenda no Estado é de má qualidade, deputados da base rebatiam dizendo que o PSDB não tem nenhum tesoureiro preso –em alusão a ex-tesoureiros do PT presos na Operação Lava Jato.

    A reunião da CPI está ocorrendo sem a presença de estudantes no plenário. A decisão de proibir a entrada foi do presidente do colegiado, Marcos Zerbini (PSDB), que argumentou que o barulho dos alunos em protesto atrapalharia os depoimentos.

    Foi aberto, para os manifestantes, outro plenário com transmissão ao vivo da CPI –os estudantes criticaram a medida.

    Serão ainda ouvidos nesta terça três delegados de polícia que iniciaram as investigações sobre o suposto esquema de desvios e pagamentos de propina na compra de merenda em São Paulo.

    O caso é investigado pela Operação Alba Branca, deflagrada em janeiro deste ano para apurar possíveis fraudes entre a Coaf, cooperativa suspeita, municípios paulistas e o governo do Estado.

    OUTRO LADO

    A Secretaria de Estado da Educação afirmou, em nota, que os estudantes da Escola Estadual Professora Marta Teresinha Rosa, em Mauá, não consumiram a carne apresentada na CPI, "numa tentativa de desqualificar a alimentação servida pela rede".

    "O alimento foi distribuído diretamente pela empresa à escola, que ao manuseá-lo identificou um odor não característico e o descartou, apesar de estar dentro do prazo de validade", informou a pasta.

    A empresa responsável foi notificada oficialmente no último dia 5, ainda conforme a nota, e tem 15 dias para substituir os produtos.

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