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    Aliados discutem 'repactuar' termos de apoio a Temer no Congresso

    DANIELA LIMA
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    11/08/2016 02h00

    Diego Padgurschi -30.jul.2016/Folhapress
    Rio de Janeiro,RJ,Brasil 30.07.2016 O Presidente interino Michel Temer inaugura a linha 4 do Metro. Temer discursa na estacao Jd Oceanico. (Foto: Diego Padgurschi / Folhapress - cod 1394) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP)

    Mesmo com a perspectiva de impeachment de Dilma Rousseff praticamente definido no Senado, o presidente interino, Michel Temer, será pressionado por dois grupos de aliados políticos a "repactuar" os termos do apoio que recebe no Congresso.

    As motivações são diferentes, mas apontam para dificuldades no caminho do peemedebista.

    Principal fiador da ascensão de Temer, o PSDB tem dado sinais de que está incomodado com os primeiros gestos da administração do interino. Internamente, a sigla planeja, logo após a aprovação do impeachment, reapresentar a Temer os termos que a levaram a apoiar o afastamento e as propostas que considera fundamentais para a retomada da economia.

    Os tucanos dizem estar vendo sinais de que o interino –e especialmente a área econômica do governo– têm sucumbido a uma pauta que consideram "eleitoral" e dizem que o maior sintoma disso está nas concessões que Temer tem feito a determinadas categorias, em detrimento do ajuste fiscal.

    Nesta quarta-feira (10), por exemplo, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) pregou contra a concessão de um reajuste para a Procuradoria-Geral da República durante discussão na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Ele chegou a dizer que o impeachment de Dilma deveria "ser pedagógico" e influenciar governo e parlamentares contra o populismo fiscal.

    "Estamos afastando uma presidente exatamente por ter atentado contra as leis fiscais. Vivemos uma crise econômica de elevada repercussão social. Estamos contratando despesas sem saber se teremos no curto, médio e longo prazo condições de honrá-las", disse.

    O reajuste para a categoria tem o apoio do Planalto.

    Segundo um integrante da cúpula do partido, logo após o impeachment o PSDB deve cobrar de Temer que assuma uma agenda austera. O partido também cobrará do presidente uma atitude menos "política" do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que aparece como presidenciável para 2018.

    Se não houver forte sinalização de medidas amargas, mas necessárias ao país, no entendimento do PSDB, a sigla ameaça se afastar do peemedebista no Congresso.

    'CENTRÃO'

    Em outra frente e pressionando na direção contrária, atua o "centrão", grupo de siglas pequenas e médias como PR, PP e PSC, somando cerca de 150 deputados.

    Derrotado na disputa pela presidência da Câmara, esse conjunto tem reivindicado a liberação de emendas e a nomeação de cargos de segundo e terceiro escalões, e ameaçado derrotar projetos de interesse do governo interino.

    Nesta terça-feira (9), sob a ameaça de uma rebelião capitaneada pelo "centrão", Temer teve de ceder mais uma vez na proposta de renegociação das dívidas estaduais, criando uma situação de desconforto público para o ministro da Fazenda.

    Pelo telefone, o relator da proposta, Esperidião Amin (PP-SC), avisou o peemedebista que, caso não fosse retirado trecho que restringe reajuste aos servidores, ela não seria aprovada.

    Preocupado com a possibilidade de enfrentar sua primeira grande derrota, Temer chamou Meirelles e disse que teriam de abrir mão desse dispositivo. O ministro resistiu, mas aceitou a alteração.

    Para evitar que a situação se agrave, Temer iniciou aproximação estratégica com o líder do governo, André Moura (PSC-SE), considerado um dos líderes do "centrão". O interino tem feito questão de ligar pessoalmente para elogiar o deputado após cada vitória do governo.

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