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    Na zona leste com Lula, Haddad diz que processo contra Dilma é golpe

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    13/08/2016 11h20

    A quatro dias do inicio da campanha oficial, o ex-presidente Lula fez seu primeiro ato político na periferia ao lado do candidato à reeleição, Fernando Haddad (PT), na noite desta sexta-feira (12).

    O bairro escolhido foi Guaianases, no extremo leste da cidade, onde há exatos 13 anos Lula inaugurou o primeiro CEU (Centro Educacional Unificado), a maior vitrine eleitoral da então prefeita Marta Suplicy, na época no PT.

    Marta, que será uma das adversárias de Haddad nas eleições, se filiou ao PMDB do presidente interino, Michel Temer, no ano passado.

    Um centro esportivo foi lotado de militantes para receber Haddad, Lula e o candidato a vice, Gabriel Chalita (PDT). Nas paredes, fotos gigantes de Lula e Haddad.

    Com voz rouca, Lula usou o espaço para falar do que chamou de golpe contra Dilma Rousseff. Haddad, que evita a expressão golpe, também a usou desta vez.

    Nesta semana, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o prefeito disse a palavra golpe "é um pouco dura" para descrever o processo contra a presidente.

    "Estamos no momento em que a nossa presidente sofreu uma conspiração de gente que traiu a confiança dela. Uma traição absurda de pessoas que estavam do lado dela e se voltaram contra ela. Fazem isso para depois suprimir direitos, mudar a Constituição. Esta luta contra o golpe é uma luta a favor da democracia. São Paulo precisa do PT, precisa continuar se desenvolvendo", afirmou Haddad.

    Ao pedir que a plateia apoie o prefeito nas eleições, Lula provocou adversários, duas delas as ex-petistas Marta e Luiza Erundina.

    "Eu sei que tem candidatos que foram do PT e não dizem que saíram do PT (...). Ele [Haddad] vai comparar o que fez com o que qualquer outro prefeito ou prefeita dessa cidade e veremos que ele foi o melhor prefeito da história de São Paulo", disse Lula.

    TRANSPORTE

    O ex-presidente diz que é necessário combater o "ódio ao PT", segundo ele, iniciado porque o partido deu oportunidades aos pobres e disseminado durante o processo de impeachment.

    Lula falou da "coragem" de Haddad em reduzir a velocidade nas marginais, o que diminuiu o número de mortes na cidade. "Se morrer um, vão jogar a culpa nele. Se deixar de morrer 50, ninguém vai falar que nada", disse, ao criticar a imprensa.

    Segundo Lula, São Paulo é a única cidade que terá prefeito e vice comprometidos "até o último fio de cabelo" com educação –Haddad foi ministro e Chalita foi secretário de Educação.

    Atacou também o presidente interino. "Vocês não devem xingar o Temer. Devem dizer: "Temer, devolva o meu voto".

    O lançamento oficial da campanha acontece no próximo dia 16, mas sem a confirmação da presença de Lula.

    Haddad enfatizou que dará prioridade à periferia e atacou opositores com o argumento de que opositores dão mais importância ao centro expandido.

    Em evento previsto para as 18h, Haddad e Lula chegaram por volta das 21h.

    "Vocês sabem porque chegamos atrasados, porque nós não viemos de ônibus. Se a gente tivesse vindo pelas faixas de ônibus, teríamos chegado mais rápido", disse ao falar da criação de faixas exclusivas na cidade. O prefeito reclamou que notícias sobre os feitos de sua gestão não têm destaque na imprensa.

    O ex-presidente disse no lançamento da candidatura de Haddad, no mês passado, que iria priorizar São Paulo durante as eleições municipais.

    Lula deve participar de plenárias de prestações de contas do mandato.

    Durante cerca de sete minutos, o prefeito falou das principais medidas de governo que serão exploradas na campanha.

    Citou a criação de cerca de 100 mil vagas em creches e ensino infantil, de 400 km de faixas exclusivas de ônibus, o passe livre para 630 mil estudantes e a renegociação da dívida do município, que, segundo a gestão, caiu de R$ R$ 70 bilhões para R$ 30 bilhões.

    Haddad também busca fixar a imagem de prefeito que afastou os corruptos, com a criação da Controladoria do município.

    Ciente de que Marta deve usar em sua campanha bandeiras como a criação dos CEUs, Haddad —que inaugurou um CEU em Heliópolis— vai enfatizar na campanha que equipou os centros educacionais com universidades semi-presenciais (Uniceus).

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