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    Eleições 2016

    Com nova lei, apoio de máquinas oficiais deve ter maior peso na eleição

    DANIELA MERCIER
    DE SÃO PAULO

    18/08/2016 02h00

    Bruno Poletti/Folhapress
    Montagem com candidatos a prefeitura de São Paulo. Celso Russomanno, Marta Suplicy, Luiza Erundina, Fernando Haddad, João Doria Jr.
    Russomanno (PRB), Suplicy (PMDB), Haddad (PT), Erundina (PSOL) e Doria (PSDB)

    Com restrições para doação e menos tempo de exposição na TV, efeitos da nova legislação, o apoio de máquinas oficiais deverá ter peso maior na eleição municipal, na opinião de especialistas.

    "Uma das dimensões da desigualdade entre os candidatos foi amenizada. Então outras terão um peso maior, como ter apoio de um mandatário ou ser o próprio mandatário", afirma o doutor em ciência política Bruno Speck, professor da USP.

    Na disputa para prefeito de São Paulo, nem todos os postulantes devem levar a mesma vantagem.

    Dos três candidatos com acesso direto ou indireto à máquina pública, o tucano João Doria tende a ser o maior beneficiado, segundo analistas ouvidos pela Folha. Em sua primeira eleição, ele tem como padrinho o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

    Máquina eleitoral

    Além do apoio público, que pode ser explorado na campanha, há os indícios de que o governo estadual tenha negociado cargos em troca de apoio de siglas como o PP e o PHS, o que resultou em investigação de abuso de poder político pelo Ministério Público Eleitoral. Alckmin diz que as nomeações foram técnicas.

    Para Pedro Fassoni Arruda, cientista político e professor da PUC-SP, a imagem de Alckmin tende a impulsionar Doria nas pesquisas, mas não deve ser determinante.

    "Como Doria é um político desconhecido, colar nele a imagem do governador pode ajudar. Mas tem que considerar que ele está partindo de um patamar baixo de intenções de voto [6%, segundo o último Datafolha]", afirma.

    "Tudo vai depender do desempenho dele nos debates e da exposição na mídia", diz.

    Fiador da candidatura de Marta Suplicy (PMDB), o presidente interino, Michel Temer, não deve ter seu nome associado à campanha. "Temer não tem base eleitoral. Ele tem a visibilidade do cargo, mas ainda não alcançou popularidade. Teria dificuldade de apoiar qualquer candidato", afirma o cientista político Hilton Fernandes, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

    Nos bastidores, o peemedebista escalou ministros para atrair Andrea Matarazzo –novato no PSD de Gilberto Kassab (Ciência) e amigo de José Serra (Relações Exteriores)– à chapa.

    Já Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição, terá de se apoiar nos feitos de seu próprio mandato. "Ele é governo, esteve durante todo esse tempo nas ruas, tem contato com a cidade, com a periferia", pontua Fernandes. O petista, porém, tem como obstáculo a baixa aprovação. Segundo a pesquisa Datafolha de julho, só 14% dos moradores consideram a gestão ótima ou boa.

    "Existe a vantagem do cargo, mas Haddad não tem aprovação elevada e tem uma adversária competitiva no eleitorado mais engajado, que é a Luiza Erundina [PSOL]", ressalta Arruda.

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