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    o impeachment

    'Se me hostilizarem, não será problema meu', afirma Dilma

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    19/08/2016 13h33 - Atualizado às 16h23

    Alan Marques/Folhapress
    A presidente afastada Dilma Rousseff durante leitura da carta aos senadores e ao povo brasileiro, realizada em um pronunciamento no Palácio da Alvorada
    A presidente afastada Dilma Rousseff durante leitura da carta aos senadores e ao povo brasileiro

    Dilma Rousseff estava mais bem humorada do que no último encontro. Essa foi a impressão quase unânime de quem esteve nesta quinta-feira (18) no Palácio da Alvorada para tratar do discurso que a presidente afastada fará no Senado na próxima segunda-feira (29).

    Será uma espécie de interrogatório em que a petista vai se defender da acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. E Dilma se dizia tranquila.

    "Se me hostilizarem, não será problema meu", afirmou a aliados. "Se o Senado quiser repetir a sessão da Câmara, é um problema do Senado", completou em referência à votação de 17 de abril, em que deputados autorizaram a abertura do processo de impeachment com saudações, inclusive, ao torturador de Dilma, o coronel Carlos Brilhante Ustra.

    Não foi um trabalho fácil convencer a presidente afastada a comparecer ao plenário do Senado. Ela estava reticente e ouviu todas as argumentações de auxiliares antes de bater o martelo no início desta semana.

    Agora, afirmam pessoas próximas, "Dilma volta a ser Dilma" e dedica quase que a totalidade de seu dia na preparação do discurso. Seu advogado, José Eduardo Cardozo, vai começar a trabalhar na produção do texto neste fim de semana.

    Há apenas uma linha geral definida, nada de muito diferente do que a defesa vem apresentando durante todo o processo. Dilma se diz inocente, afirma que não cometeu crime de responsabilidade e que seu impeachment, da forma como está colocado, é "golpe".

    A petista deve também dar um tom autoral e emocional ao discurso. Mas aliados afirmam que isso é bastante pessoal dela e que pode, inclusive, sair de improviso durante alguma resposta.

    Nesta quinta (18), três senadores do PT estiveram no Alvorada e prometeram mapear o Senado para Dilma e evitar surpresas: Humberto Costa (CE), Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE) conversaram com a presidente afastada sobre o rito do julgamento final e marcaram nova reunião na próxima semana para dar conselhos sobre o perfil dos senadores que farão discursos e perguntas a ela.

    Dilma poderá fazer um pronunciamento de 30 minutos, prorrogáveis pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, que estará à frente da sessão. Em seguida, acusação, defesa e os senadores poderão fazer perguntas, contando com cinco minutos cada um.

    JUDAS

    Em entrevista à BBC Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Dilma se exporá "corajosamente" no Senado, "para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela".

    Ele afirmou ainda que o presidente interino Michel Temer é constitucionalista e portanto "sabe" que o processo de impeachment contra sua antecessora é um "golpe parlamentar".

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