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    PF prende temporariamente presidente do PSDB de Goiás

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    24/08/2016 07h52 - Atualizado às 12h00

    Divulgação
    Diretório Estadual do PSDB diz que doações para campanhas do partido foram declaradas à Justiça - Afreni Gonçalves Leite
    Afrêni Gonçalves Leite, presidente do PSDB de Goiás

    A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (24) o presidente do PSDB de Goiás, Afrêni Gonçalves Leite, pela operação Decantação, que investiga o suposto desvio de R$ 4,5 milhões de dinheiro público por meio de contratos fraudulentos da Saneago, empresa de Saneamento de Goiás.

    O PSDB de Goiás aparece como um dos beneficiários do esquema por supostamente receber dinheiro ilícito por meio de doações legais e também via caixa dois. Por isso, o presidente foi preso temporariamente.

    As investigações indicam que dirigentes e colaboradores da Saneago promoveram licitações fraudulentas por meio de contratação de uma empresa de consultoria envolvida no esquema. Ainda segundo a polícia, essa consultoria teria direcionado dinheiro a beneficiários de propina, entre eles o PSDB.

    De acordo com a PF, recursos oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de financiamentos do BNDES e da Caixa Econômica Federal foram desviados para pagamento de propinas e dívidas de campanhas políticas do partido.

    No total estão sendo cumpridos 120 mandados judiciais, sendo 11 de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 21 de condução coercitiva e 67 de busca e apreensão em Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Formosa (GO), Itumbiara (GO), São Paulo (SP) e Florianópolis (SC).

    Além da sede do PSDB em Goiânia, também são alvos de busca a sede da Saneago e de empresas envolvidas nas fraudes, além de residências e endereços ligados aos investigados.

    A PF também apurou que a consultoria contratada pela Saneago direcionava a contratação de empresas que participavam do conluio e que eram responsáveis, posteriormente, por doações eleitorais.

    Foi pedido o afastamento de oito servidores do cargo.

    A operação foi feita em parceria com o Ministério Público Federal e do Ministério da Transparência, e evitou, segundo a PF, um prejuízo de quase R$ 7 milhões, de acordo com dados da PF.

    Os envolvidos responderão pelos crimes de peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa e fraudes em processos licitatórios.

    O nome Decantação remete ao processo de tratamento de água, em que ocorre a separação de elementos heterogêneos.

    HISTÓRICO

    A investigação começou com o levantamento de crimes licitatórios para o fornecimento de estação elevatória de água do sistema de abastecimento de Luziânia, o Corumbá IV. Posteriormente, também foram identificados indícios de fraudes nos contratos para a ampliação do sistema de esgotamento de Goiânia, o Meia Ponte.

    Segundo o Ministério da Transparência, no Corumbá IV houve direcionamento de licitação e outras irregularidades que geraram prejuízo efetivo de mais de R$ 1 milhão e prejuízo potencial de R$ 6 milhões. O valor do contrato de repasse do Corumbá IV envolve R$ 17,3 milhões.

    No Meia Ponte o prejuízo efetivo seria de R$ 3,4 milhões e o potencial de R$ 1,7 milhão. Esse sistema recebeu aplicação de R$ 67,4 milhões.

    OUTRO LADO

    Em nota, o governo de Goiás afirmou que "apoia as investigações em curso na Polícia Federal e no Ministério Público Federal" e que está "inteiramente à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos".

    Segundo o governo, os procedimentos licitatórios realizados pelos órgãos, autarquias e empresas da administração estadual são pautados pela legalidade e pela transparência.

    A nota também afirma que o governo "acredita na idoneidade dos diretores e superintendentes da Saneago (Saneamento de Goiás S.A.) e tem a plena certeza de que os fatos apresentados serão plenamente esclarecidos".

    A reportagem já procurou o PSDB goiano, mas a sigla ainda não comentou.

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