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    Duque abandonou R$ 39 milhões de propina na Suíça, afirma delator

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    28/08/2016 02h00

    O ex-diretor da Petrobras Renato Duque abandonou US$ 12 milhões —ou R$ 39,3 milhões, em valores atualizados— que recebeu de propina em uma conta na Suíça, de acordo com Zwi Skornicki, delator da Lava Jato.

    Skornicki representa no Brasil uma empresa de Cingapura, a Keppel Fels, e disse que pagou a propina a Duque por conta de um contrato de compra de uma plataforma para exploração de petróleo na bacia de Campos, no Estado do Rio, a P-56.

    O suborno, ainda segundo Skornicki, foi pago de 2008, quando a Petrobras contratou a Keppel Fels e a Technip para fazer a plataforma, a 2011, quando foi entregue.

    A plataforma custou US$ 1,5 bilhão (R$ 5 bilhões). A propina, de acordo com o delator, foi de 1% sobre o valor do contrato e beneficiou Duque, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco e o PT.

    Duque foi indicado ao cargo de diretor de Serviços da Petrobras pelo PT, segundo procuradores da Lava Jato.

    Ele está preso desde março do ano passado, já foi condenado a 41 anos de prisão em duas ações penais e tenta fechar um acordo de delação premiada com procuradores da operação.

    O delator diz que descobriu que os US$ 12 milhões não haviam sido tocados por Duque ao autorizar seus advogados a buscar na Suíça documentos para fechar seu acordo de delação. O banco informou que o montante continuava lá.

    A conta não foi aberta em nome de Duque porque o banco Delta recusou-o por ele ser diretor da estatal e não ter como justificar por que recebera aquele montante, segundo o relato de Skornicki.

    O próprio banco sugeriu uma manobra para driblar o veto: Skornicki abriria a conta em seu nome e colocaria alguém de extrema confiança de Duque como procurador, tudo de acordo com a versão do delator.

    Assim foi feito. Um dos filhos de Duque, Daniel, foi nomeado procurador da conta. Uma das hipóteses dos investigadores da Lava Jato é que Renato Duque não tocou na conta para evitar que o filho passasse a ser investigado.

    Os US$ 12 milhões em que Duque não mexeu devem retornar à Petrobras. Já Skornicki terá de devolver US$ 24 milhões (R$ 78,5 milhões), segundo seu o acordo de delação.

    OUTRO LADO

    Os advogados de Duque e de Skornicki não quiseram se pronunciar. O PT diz que só recebe doações legais, todas declaradas à Justiça.

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