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    o impeachment

    Análise

    Dilma iniciou formal, mas ganhou contundência contra 'golpistas'

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    29/08/2016 11h48

    Evaristo Sa/ AFP
    Suspended Brazilian President Dilma Rousseff (L) delivers her speech during the impeachment trial, at the National Congress in Brasilia, on August 29, 2016. Rousseff arrived at the Senate to defend herself confronting her accusers in a dramatic finale to a Senate impeachment trial likely to end 13 years of leftist rule in Latin America's biggest country. / AFP PHOTO / EVARISTO SA ORG XMIT: ESA436
    A presidente afastada,. Dilma Rousseff, discursa no Senado em defesa de seu mandato

    Globo e GloboNews acompanharam de helicóptero, desde o Palácio do Alvorada, e depois transmitiram a íntegra do pronunciamento de Dilma Rousseff contra o impeachment, nesta segunda-feira (29), reproduzindo a TV Senado. Foram formais como o processo de impeachment, dando amplo direito de defesa, na expressão tão repisada.

    A Band entrou atrasada, mas transmitiu até o fim. A Record entrou com o discurso, mas abandonou no meio –a exemplo do que fez a Igreja Universal de Edir Macedo na política, antes pró-Dilma e agora pró-Temer. O SBT de Silvio Santos, como de costume, nem registrou a notícia.

    A "presidente" ou "presidenta", como a chamou o presidente do Supremo alternadamente, começou também ela formal. Sem consciência aparente do que lia, tropeçando em algumas palavras e frases. Até que chorou, ao falar que "o que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros", frase aliás inexpressiva.

    Sua voz embargada foi aplaudida por senadores e plateia, com Ricardo Lewandowski acionando uma campainha para calá-los.

    Num trecho que soou como resposta à própria GloboNews, que havia afirmado anteriormente –com repercussão on-line– que seria afastada pelo conjunto da obra, não por um crime específico, Dilma afirmou que "quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo".

    Foi o início da metade mais contundente, sem lágrimas, no desempenho da presidente. Atacou "o candidato derrotado nas eleições", sem citar o nome de Aécio Neves, e o também senador Romero Jucá, também sem citar o nome. Procurava –e conseguiu– evitar respostas.

    Atacou ainda o vice Michel Temer, seguidamente e sem nomeá-lo, pelo que fez e pretende fazer no poder. Pelo nome, mencionou apenas o ex-presidente da Câmara: "Encontraram em Eduardo Cunha o vértice de sua aliança golpista".

    Ao terminar o discurso, Globo e Band abandonaram a transmissão e só ficou a GloboNews para a sequência de supostas perguntas dos senadores –oratória partidária, como em qualquer debate na Casa. A partir daí, a impossibilidade de réplica e a incapacidade de Dilma para debater não ajudaram.

    Fora do palco de Dilma, as câmeras de televisão foram atraídas por Lula e Chico Buarque, desde a chegada ao Congresso. A própria TV Senado, no sinal retransmitido pela Globo, mostrou os dois, lado a lado, na plateia, ao que parece, não inteiramente atentos à protagonista.

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