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    o impeachment

    Sem conflitos, convidados pró e anti-Dilma assistem defesa em silêncio

    MARINA DIAS
    DANIELA LIMA
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    29/08/2016 23h04

    De óculos escuros, camisa clara e blazer preto, Chico Buarque de Hollanda chegou ao Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (29) e cumprimentou Dilma Rousseff. "Você é uma guerreira", afirmou o cantor e compositor que foi a Brasília assistir ao discurso da petista no Senado. "A vida é dura, não é, Chico?", ouviu de resposta.

    Uma das poucas figuras de fora do mundo político presentes na galeria do Senado, de onde convidados da defesa e da acusação de Dilma assistiam à sessão de lados opostos, Chico definiu o processo de impeachment como "um golpe" mas disse acreditar ser "muito difícil" mudar o cenário contrário à petista.

    Apesar do prognóstico pessimista, o cantor afirmou que foi ao Senado por "solidariedade" e que aproveitou para conhecer o Alvorada, que "nunca mais" iria visitar.

    Chico passou boa parte da manhã bastante concentrado e com o cenho franzido na direção de Dilma enquanto ela discursava por quase 50 minutos e, em seguida, respondia às perguntas dos senadores. Era quase a mesma expressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sentado ao seu lado.

    Lula compartilhava do mesmo prognóstico pessimista mas, publicamente, disse a jornalistas esperar que "o jogo termine com vitória nossa". "Afinal, não é sempre que a gente consegue trazer o Chico para o Senado", brincou.

    Aparentemente muito ansioso, Lula mexia no bigode compulsivamente e trocava poucas impressões sobre a sessão com Chico e com o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner, sentado também ao lado do cantor e compositor.

    O ex-presidente disse que gostou da fala da sucessora, classificada por ele como "firme" e "centrada". "Se os senadores quisessem realmente ouvi-la, teriam que absolvê-la", disse o petista. "Ela falou tudo o que tinha que falar".

    Outros dirigentes e parlamentares petistas se revezavam na galeria ao lado dos apoiadores de Dilma.

    Entre eles, estavam o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e os ex-ministros Carlos Gabas (Previdência), Aldo Rebelo (Defesa) e Eleonora Menicucci (Mulheres) e a ex-presidente da Caixa Miriam Belchior.

    Um dos principais aliados de Dilma, Aloizio Mercadante (Educação), porém, preferiu acompanhar a chefe de uma das cadeiras do próprio plenário. Também estava bastante sério.

    Muitos petistas debitam em seu temperamento "intransigente" parte da crise que dragou o segundo mandato do governo Dilma.

    SEM CRISE

    O esperado clima de conflito entre os apoiadores e opositores da petista na galeria não foi concretizado.

    Ambos os lados assistiram ao discurso e ao interrogatório de Dilma silenciosos e, durante a sessão, não houve confronto nem xingamentos, como previam alguns senadores.

    Dois dos principais líderes de movimentos anti-Dilma, que organizaram manifestações de rua pró-impeachment, estavam sentados entre os convidados da acusação.

    Kim Kataguiri, do MBL (Movimento Brasil Livre), e Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, acompanharam a fala de Dilma concentrados.

    No início do discurso, Chequer preferiu ouvir a presidente afastada em pé, enquanto Kataguiri postava fotos e comentários em redes sociais.

    Adversário de Dilma em 2014, Aécio Neves (PSDB-MG) olhava para a petista de canto de olho durante o discurso, fazendo anotações, que serviram de base para seu pronunciamento mais tarde.

    Impeachment dia a dia

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