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    o impeachment

    Troca no Brasil não salva economia, diz cobertura externa

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    31/08/2016 11h29

    A exemplo de Bloomberg e "Wall Street Journal", que fizeram alertas no dia anterior aos "investidores cegos" pelo impeachment, não querendo enxergar a derrocada mais recente das empresas brasileiras, o "Financial Times" chegou à reta final do processo destacando os obstáculos para os projetos econômicos de Michel Temer.

    Seu problema será "como empurrar uma série de reformas impopulares" pelo Congresso, começando pelo Orçamento com tetos para educação e saúde. Temer deve deixar o projeto para depois das eleições, segundo o jornal. E só depois ainda viriam as reformas previdenciária e, quem sabe, trabalhista e fiscal.

    Mas mesmo o eventual "sucesso fará dele um líder impopular, porque as reformas são parte de uma agenda impopular", falou ao "FT" João Augusto de Castro, da consultoria Eurasia. Em artigo no site da "Fortune", o próprio Castro resumiu o que vem por aí, sob o título "Por que a destituição de Dilma não vai salvar o Brasil".

    O prognóstico foi acentuado pela notícia, pela manhã, de que o PIB brasileiro sofreu nova contração no segundo trimestre. "A pior recessão do país em mais de um século não apresenta sinais de terminar", anotou o "FT". "Foi um pouco pior do que o esperado" por analistas de Wall Street, observou o "WSJ".

    Na Argentina, o "La Nación" também não foi otimista, em análise sobre como o provável impeachment "afetará" sua própria economia. "Qualquer que seja o resultado, não será boa notícia para a Argentina", diz o jornal, acrescentando que na Casa Rosada "acompanham com muita preocupação".

    Cita, de um "alto funcionário" na sede do governo de Mauricio Macri: "Um governo de Temer estará sob suspeita. Para o resultado das relações da Argentina com o Brasil, qualquer variante [Dilma ou Temer] será negativa." Os mais afetados devem ser "os industriais argentinos que exportam autopeças, produtos químicos e medicamentos", pois "o Brasil cada vez comprará menos da Argentina".

    Por outro lado, o jornal governista anotou, com algum constrangimento, que "de um ponto de vista um tanto mesquinho se poderá pensa que a crise do Brasil reforçará a liderança de Macri na região".

    Reprodução
    Washington Post faz cobertura do julgamento final do impeachment da presidente Dilma Rousseff
    Washington Post faz cobertura do julgamento final do impeachment da presidente Dilma Rousseff

    Também na política a troca de guarda muda pouca coisa, indicam jornais como "New York Times", "Washington Post" e a agência Associated Press.

    A última despachou que os "três homens na fila" para presidente, Temer, Rodrigo Maia e Renan Calheiros, são investigados por corrupção. No site da chinesa CCTV, o despacho recebeu o título "Alguém tem as mãos limpas? Conheça a linha de sucessão brasileira". Na mesma linha, o "NYT" publicou artigo da jornalista brasileira Carol Pires, dizendo que agora "o PT precisa se reinventar", mas "os outros partidos ainda precisam ver a necessidade de fazê-lo".

    O "WP", por fim, publica a reportagem "Impeachment de Rousseff pode não resolver a bagunça política do Brasil", dizendo que, "em vez de fortalecer a democracia, o processo pode ser para alienar ainda mais os eleitores desiludidos com o sistema político".

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