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    o impeachment

    Análise

    Dureza de Temer amolecerá ao negociar com o Congresso

    LEANDRO COLON
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    01/09/2016 02h00

    Reprodução
    Michel Temer (PMDB) recebe notificação do impeachment de Dilma
    Michel Temer (PMDB) recebe notificação do impeachment de Dilma

    O sisudo Michel Temer virou presidente da República cheio de marra e recados.

    Na primeira reunião ministerial após a posse, falou grosso. Disse que são "inadmissíveis" divisões em sua base de apoio no Congresso.

    "Não será tolerada essa espécie de conduta. Quem não quer que o governo dê certo, declare-se contra o governo e saia", declarou.

    É um discurso duro, mas que amolece na primeira votação de medida de interesse do governo no Congresso.

    O Temer enfurecido no microfone é o mesmo dos sucessivos recuos em recentes negociações com os deputados, como o da renegociação da dívida dos Estados.

    O presidente tem, de fato, dois problemas para administrar : a gritaria semanal do PSDB, o aliado com separação marcada para 2018, e o instável presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem Temer vai precisar de apoio para aprovar medidas econômicas no segundo semestre.

    Na votação do impeachment, Renan foi simplesmente Renan: jogou aqui e acolá. Votou pela cassação de Dilma Rousseff, mas articulou a manobra que a manteve apta para ocupar funções públicas.

    Ao menos por ora, Temer pode tentar dar um voto de confiança ao colega de partido. Como captou o microfone do Senado na hora de sua posse, Renan garantiu a ele: "Estamos juntos".

    Já o PT terá de se reorganizar no campo nacional. Antes, terá de sobreviver com dignidade à eleição municipal.

    No Planalto havia 13 anos e oito meses, o partido, combalido pelos escândalos e queda de sua presidente, vai se afastar proposital e naturalmente de Dilma. Não será surpresa um divórcio quando a poeira baixar.

    E mesmo com a gambiarra regimental de última hora que livrou Dilma da proibição de exercer cargos públicos, parece pouco crível que ela tente disputar qualquer eleição no curto prazo.

    O processo de impeachment expôs ainda quão deteriorado está o capital político do ex-presidente Lula.

    Encurralado pela Operação Lava Jato, Lula vestiu a camisa, carregou Chico Buarque e subiu na arquibancada do Senado para tentar salvar sua pupila.

    Passou dois dias perambulando por Brasília atrás de votos —inclusive de alguns de seus ex-ministros. Fracassou.

    Lula não conseguiu um mísero apoio. Foi melancólico. A petista, aliás, conseguiu perder um —o de Telmário Mota (PDT-RR)— em relação à votação de três semanas atrás que deu aval ao seu julgamento.

    DE VOLTA À OPOSIÇÃO

    O partido deve definir logo, por exemplo, a postura que terá na oposição ao governo Temer no Congresso.

    Afinal, será uma repetição do comportamento petista nos tempos dos governos FHC? Se a resposta for positiva, estará bem representado pelos gritos de Lindbergh Farias (PT-RJ).

    Ou vai partir para o que sugere o senador Humberto Costa (PT-PE), uma oposição "dura", mas não contra o Brasil?

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