• Poder

    Thursday, 02-May-2024 12:36:58 -03

    Em primeiros discursos, presidente acenou com medidas para economia

    GUSTAVO URIBE
    VALDO CRUZ
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    01/09/2016 00h36

    Em suas primeiras manifestações após tomar posse para o mandato de dois anos e quatro meses como presidente da República efetivo, Michel Temer (PMDB) fez duras críticas a adversários e até a aliados e prometeu anunciar medidas de recuperação da economia já neste mês.

    Seus dois discursos foram conflitantes em alguns pontos, entretanto. No primeiro, feito em reunião com seus ministros, prometeu não "levar ofensa para casa" em relação aos ataques da oposição –e instou aliados descontentes a deixar o seu governo.

    À noite, em pronunciamento no rádio e na TV, defendeu em tom de conciliação a união do país e a priorização dos "interesses nacionais acima dos interesses de grupos."

    Momentos após a sua posse no Senado Federal, Temer reuniu seu ministério e concentrou parte de sua fala na necessidade de que sua equipe rebata as acusações da ex-presidente Dilma Rousseff e de seus aliados, em especial a de que ele e seu governo são golpistas.

    Insatisfeito com a decisão de senadores aliados de não retirar de Dilma Rousseff direitos de ocupar funções públicas, ele disse que esse tipo de comportamento "não será tolerado" e é "inadmissível", ressaltando que, "quem não quer que o novo governo dê certo, deve deixá-lo".

    Renato Costa/Folhapress
    O presidente Michel Temer (PMDB-SP) realiza primeira reunião ministerial
    O presidente Michel Temer (PMDB-SP) realiza primeira reunião ministerial

    "Não será tolerada essa espécie de conduta. Quem não quer que o governo federal dê certo, declare-se contra ele e saia", disse.

    Mais cedo, o líder do governo no Senado Federal, Aloysio Nunes (PSDB-SP), teria ameaçado entregar o posto por causa da postura do PMDB no episódio. Segundo o novo presidente, não é possível que parlamentares governistas adotem posições sem combinarem com o Palácio do Planalto.

    Um dos votos favoráveis a manutenção do direito de Dilma de ocupar função pública foi do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na cerimônia de posse, ele chegou a dizer a Temer: "Estamos juntos".

    OFENSA

    Em resposta direta à agora ex-presidente, Temer disse que golpista é quem derruba a Constituição Federal. Segundo ele, a ordem a partir de agora é contestar com firmeza as críticas e dizer que não houve ruptura constitucional ou desrespeito à Constituição Federal.

    "Agora, não vamos levar ofensa para a casa", disse. "Golpista é quem derruba a Constituição."

    Seguindo essa orientação, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) disse à Folha que a petista "será esquecida em dois dias" e que é "página virada da política brasileira".

    No discurso aos ministros, Temer reconheceu ainda que, a partir de agora, a cobrança ao governo federal será "muito maior" e que pretende fazer uma administração pública descentralizada, permitindo que ministros elaborem políticas públicas.

    "Espero que possamos colocar o país nos trilhos do crescimento. Para que possamos sair daqui, daqui a dois anos e quatro meses, com aplausos do povo brasileiro", disse, com ênfase na geração de empregos.

    Logo depois da reunião, Temer embarcou para a China, onde vai participar do encontro do G-20 (grupo das maiores economias do mundo). Na sua volta, ele vai anunciar o seu programa de concessões e privatizações, na busca de atrair investimentos externos e fazer o país voltar a crescer.

    Ele pretende ainda, como antecipado na sua fala, enviar ao Congresso Nacional ainda neste mês sua proposta de reforma da Previdência Social e promover também mudanças pontuais na sua equipe de ministros.

    UNIÃO

    À noite, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, Temer disse que "a incerteza chegou ao fim" e que "é hora de unir o país e colocar os interesses nacionais acima dos interesses de grupos". "Quando o Brasil quer o Brasil muda. (...) Juntos faremos um Brasil melhor."

    Numa fala de cinco minutos, o presidente da República disse que recebeu o país "mergulhado em uma grave crise econômica" e que seu "compromisso é recolocar o Brasil nos trilhos".

    Ao citar sua proposta de criação de um teto para os gastos públicos, disse que o lema do seu governo "é gastar apenas o dinheiro que se arrecada".

    O presidente aproveitou ainda para defender a reforma da Previdência, afirmando que, sem ela, "em poucos anos o governo não terá como pagar aos aposentados". "Nosso objetivo é garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes e sem truques, sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens".

    Disse ainda que o "pior já passou" e defendeu também a reforma trabalhista, privilegiando negociações entre trabalhadores e empresários.

    Ao final, num recado de que não pretende se candidatar à reeleição, disse que seu único interesse é entregar ao sucessor "um país reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento".

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024