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    o impeachment

    Ideia do PT, manobra para 'fatiar' votação foi concebida há duas semanas

    LEANDRO COLON
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    02/09/2016 02h30

    A estratégia de fatiar o julgamento de Dilma Rousseff vinha sendo discutida há duas semanas pela bancada do PT no Senado.

    Não foi adotada de última hora, embora o requerimento pedindo a divisão entre a condenação e a habilitação para ocupar funções públicas tenha sido apresentado somente na quarta (31), pouco antes da votação final.

    Além disso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aconselhou o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a aceitar o pedido do PT.

    Segundo a Folha apurou, na quarta-feira, enquanto estava sentado ao lado do ministro no plenário, Renan disse, em rápidas e discretas palavras, que, na sua opinião, Lewandowski poderia decidir como presidente do plenário do Senado, regimentalmente, e não como magistrado do STF.

    A articulação contou também com o apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), aliada e ex-ministra de Dilma, que visitou Lewandowski no dia 22 de agosto para tratar do assunto.

    Cinco dias antes, numa reunião de líderes, a bancada do PT já havia discutido a hipótese de fatiamento numa reunião com Lewandowski, Renan e senadores contra e a favor do impeachment.

    No encontro, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) perguntou se o próprio Lewandowski poderia "formular" mais do que um quesito no julgamento.

    A ideia era que o ministro do STF separasse, por ele mesmo, as perguntas sobre os crimes cometidos por Dilma e suas consequências.

    Lewandowski teria lido trecho da Constituição que reúne os temas num só item –ou seja, naquele momento, para ele, seria inviável quebrar por conta própria o quesito.

    Não se comentou a estratégia que viria a ser apresentada depois pelo PT, na sessão de quarta, de sugerir um "destaque" (recortar parte do texto) para o plenário do Senado votar o trecho sobre função pública separadamente.

    Essa hipótese foi debatida depois, na conversa entre Kátia Abreu e o presidente do STF. Na mesma hora, Lewandowski telefonou a assessores para saber se era possível utilizar o "destaque" no julgamento.
    Sua equipe passou a se debruçar sobre o tema e um estudo técnico foi solicitado aos consultores do Senado.

    No sábado à noite, o presidente do STF foi alertado de que o PT realmente pretendia levar a ideia adiante. Na terça à tarde, véspera da votação, o senador Jorge Viana (PT-AC), aliado de Dilma, foi procurado para confirmar se o requerimento seria apresentado. O petista desconversou.

    O partido não queria que a manobra viesse a público na véspera. Somente na manhã de quarta, a bancada entregou a proposta de dividir a votação, diminuindo, assim, o tempo para contestações.

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