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    Ato contra Temer reúne milhares em SP e acaba em confusão

    ANGELA BOLDRINI
    ARTUR RODRIGUES
    PAULA REVERBEL
    DE SÃO PAULO

    04/09/2016 17h06 - Atualizado às 23h12

    Um protesto contra o governo de Michel Temer reuniu milhares em São Paulo neste domingo (4) para pedir novas eleições.

    Com gritos de "diretas já!" e faixas com o slogan "fora, Temer", o grupo ironizou a fala do presidente no sábado (3), em visita à China, de que os atos reuniam só 40 pessoas.

    "Ontem [sábado] o presidente golpista do Brasil disse que a nossa manifestação teria 40 pessoas. Aqui estão as 40 pessoas. Já somos quase 100 mil na av. Paulista", discursou Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e um dos organizadores, no início do ato.

    A PM não fez estimativas do número de manifestantes, assim como não fizera anteriormente.

    Em outro ataque a Temer, Boulos disse que "melhor seria estar ao lado de 40 manifestantes do que em um governo de 40 ladrões", numa aparente referência ao ministério do presidente que assumiu na última quarta (31).

    A manifestação foi convocada pelas frentes de esquerda Povo Sem Medo e Brasil Popular.

    Melhor organizado e maior do que as outras manifestações que ocorreram desde o início do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff (PT), esta reuniu um público mais velho do que em outros protestos.

    BOMBAS

    O ato começou às 16h30, na Paulista, seguiu em direção ao largo da Batata (zona oeste) e foi pacífico durante quase todo o tempo. Na dispersão, segundo relatos, um empurra-empurra em frente à estação Faria Lima do metrô, no largo, terminou com bombas lançadas pela Polícia Militar para dispersar a multidão.

    O tenente-coronel Henrique Motta disse que a PM foi socorrer o metrô, que havia fechado as portas por volta das 19h, por segurança, para evitar excesso de gente nas plataformas. Segundo Motta, tentaram forçar a entrada para a estação.

    "Quando chegou lá a equipe da Polícia Militar, os manifestantes -manifestantes, não, as pessoas que estavam forçando a porta, porque eu não posso dizer que são manifestantes, podia ser alguém que já estava aqui na praça- começaram a jogar pedras e paus", disse.

    Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que houve um princípio de tumulto que se transformou em depredação. "Vândalos quebraram catracas, colocando em risco funcionários. A Polícia Militar atuou para restabelecer a ordem pública, sendo recebida a pedradas, intervindo com munição química e utilização de jato d'água", informou.

    Guardas do metrô afirmaram que fecharam as portas antes que houvesse depredação. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria da empresa.

    Após a confusão, a reportagem presenciou objetos sendo jogados na PM e bombas atiradas contra bares onde frequentadores xingavam policiais.

    A reportagem também presenciou bombas sendo jogadas contra jornalistas. Segundo a BBC Brasil, um de seus repórteres foi agredido com golpes de cassetete por policiais, mesmo após ter se identificado como jornalista.

    'PREMEDITADO'

    "A tropa de choque entrou no meio da manifestação para provocar, depois começaram a jogar bombas e jatos de água. Foi premeditado, e é escandaloso que a polícia trate uma manifestação assim. Quem tem que responder é o governador Geraldo Alckmin e o comando da PM", afirmou Boulos.

    Manifestantes questionaram Motta sobre a ação. Um deles perguntou se a PM vai ao protesto para garantir a integridade física dos manifestantes ou para reprimir.

    "A sua pergunta é cretina. Aqui é para preservar as pessoas que vieram manifestar. A manifestação foi linda, bonita, maravilhosa, da Paulista até aqui. Depois elementos que estavam lá começaram a jogar garrafa. Tinha mascarado no meio e você viu", afirmou o tenente-coronel.

    A outro, disse ter "lado": "Eu represento o Estado. Eu estou aqui para manter a lei e a ordem".

    Durante o ato, adeptos da tática black bloc eram reprimidos pelos participantes, que exigiam que tirassem as máscaras.

    Uma das preocupações dos organizadores era que a manifestação não fosse tomada por atos violentos, como na semana passada, com black blocs destruindo fachadas de lojas e concessionárias. Organizadores diziam que eles não seriam bem-vindos.

    Um grupo que incluía parlamentares como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), a candidata a prefeita Luiza Erundina (PSOL) e o candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) se colocou à frente para, segundo eles, formar barreira contra a violência policial.

    "São Paulo está sendo o principal centro de resistência ao governo Temer, é aqui que está tendo passeata dia a dia", disse Lindbergh, antes da confusão.

    Ele afirmou que estuda entrar, junto com Teixeira, com uma representação contra a violência da polícia na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).

    Um novo ato foi marcado pela frente Povo sem Medo para o dia 8, às 17h, também no largo da Batata.

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