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Poder
Saturday, 23-Nov-2024 15:57:32 -03Jovens presos antes de ato têm acesso a advogados dificultado, diz defesa
PAULA REVERBEL
DE SAO PAULO05/09/2016 15h40 - Atualizado às 20h34
Cerca de 20 estudantes que foram detidos neste domingo (4) antes dos ato por eleições diretas tiveram acesso aos seus advogados criminais dificultado, de acordo com os representantes que esperam a audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda.
Mães, amigos e advogados criminais dos detidos confirmam que os jovens só tiveram acesso a seus representantes quando o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Paulo Teixeira (PT) foram ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), para onde os presos foram levados, à 1h30 da manhã desta segunda-feira (5).
Prevista para começar às 13h30, a audiência de custódia foi adiada para o final da tarde. Do grupo de presos, os maiores de idade chegaram ao Fórum perto das 16h20. Após a prisão, tanto os adolescentes quando os maiores de idade foram levados no domingo para o Deic.
Parentes dos presos se queixam da dificuldade de ter contato com os estudantes detidos e das informações desencontradas. Em um esforço coletivo de fazer um apanhado do que se passou, contabilizam 26 presos.
Outra grande queixa é o transporte dos jovens ao Deic, na região do Carandiru, zona norte da cidade. A praxe é levar os presos às delegacias mais próximas do local onde ocorreu a abordagem policial. As prisões ocorreram no CCSP (Centro Cultura São Paulo) e na estação Trianon-Masp de metrô.
De acordo com a assessoria de imprensa do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), os dezoito maiores de idade responderão por corrupção de menores. Segundo amigos dos presos, os adolescentes devem responder por organização criminosa, mas autoridades não confirmam a informação.
Rosana Cunha, comerciante e mãe de Gabriel Cunha Risaffi (18), disse estar acordada desde às 8h da manhã de domingo. Segundo ela, seu filho foi detido às 15h e ela só recebeu ligação do investigador três horas depois.
De acordo com seu relato, ao chegar no local para onde Gabriel havia sigo levado, só teve tempo de abraçá-lo ao lado de um policial e não o viu desde então. Gabriel participa do movimento dos secundaristas, que no começo do ano ocupou escolas estaduais em São Paulo.
"O pessoal que foi preso, ninguém se conhecia", afirmou. Ela confirmou que seu filho foi encontrar-se com um amigo para irem juntos ao protesto.
"O que acontece: 22 pessoas [presas no CCSP], quatro estavam com mochila. E eles alegam que nas mochilas tinha arma branca. Como é que quatro vão carregar arma branca para 22?", indagou Rosana.
A comerciante afirma que os jovens portavam vinagre e lenços. "Duvido que algum de vocês repórteres vão aos atos sem levar", acrescentou. "Hoje foi com o meu filho e com o filho dos pais que estão aqui, amanhã pode ser com o filho de qualquer um", concluiu.
De acordo com a conselheira tutelar Lilian Calta Delloti, os jovens não irão prestar depoimento fora de juízo.
NETA DE GOVERNADOR
Uma das presas, a estudante Sofia Beçak Egydio Martins, de 19 anos, é neta do ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio (1974-1979).
OUTRO LADO
Em coletiva de imprensa para justificar as prisões, a PM disse que os jovens confessaram que depredariam a cidade durante o ato e por isso foram presos.
Procurada pela Folha, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que dezoito "maiores foram indiciados por associação criminosa, formação de quadrilha ou bando e corrupção de menores. Eles foram encaminhados para a audiência de custódia. Também houve o registro de ato infracional por formação de quadrilha ou bando e receptação para cinco menores. Os menores foram ouvidos pela polícia acompanhados dos responsáveis e encaminhados para a Vara da Infância e Juventude".
A SSP também repassou esclarecimentos do Deic segundo o qual "a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante foi acompanhado dos responsáveis pelos menores. O interrogatório foi realizado na presença de quatro advogados e dos responsáveis".
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