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    Lava Jato

    Empreiteiros são denunciados na Lava Jato por corrupção em CPI

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    06/09/2016 18h06

    Reprodução
    Empreiteiros negociam propina com deputados da CPI da Petrobras, em imagem de 2009
    Empreiteiros negociam propina com deputados da CPI da Petrobras, em imagem de 2009

    Dois executivos, ligados às empreiteiras Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, foram denunciados pela Operação Lava Jato nesta terça-feira (6), sob acusação de pagarem propina para impedir o avanço da CPI da Petrobras, em 2009.

    Ildefonso Colares Filho e Erton Medeiros Fonseca, presos preventivamente em fases anteriores da investigação, teriam pago R$ 10 milhões ao então senador Sérgio Guerra (PSDB), morto em 2014, e ao deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), já denunciado no STF.

    O objetivo era impedir o avanço das investigações no Congresso. Na época, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontava sobrepreço em obras da Petrobras.

    Colares Filho, então presidente da Queiroz Galvão, e Fonseca, representante da Galvão Engenharia, chegaram a aparecer em um vídeo negociando propina com o senador tucano. O material foi obtido pela PF no início do ano, e fundamenta a denúncia desta terça.

    A reunião ocorreu em outubro de 2009, numa sala comercial no Rio de Janeiro. O local foi emprestado pelo lobista Fernando Soares, o Baiano, que também colaborou com a investigação.

    Num dos trechos gravados, depois de o senador declarar que "tem horror a CPI" e que "não vamos polemizar", Colares Filho afirma: "Dando suporte aí ao senador, tá tranquilo". Ao que Guerra responde: "Conversa aí entre vocês".

    A conversa, "em termos ocultos", segundo o Ministério Público Federal, indica o momento do acerto da propina, "denotando que caberia às empresas se acertarem sobre a divisão e a forma de pagamento [do suborno]".

    Ainda de acordo com a denúncia, os R$ 10 milhões pagos aos dois parlamentares saíram da "cota de propinas" do PP na Petrobras, segundo informou o ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato.

    Caso a denúncia seja aceita pelo juiz Sergio Moro, os executivos irão responder pelo crime de corrupção ativa. Os procuradores também pedem o pagamento de R$ 10 milhões pelos danos causados ao erário.

    OUTRO LADO

    A Folha ainda não conseguiu contato com os advogados dos denunciados.

    Em depoimento à PF no ano passado, Ildefonso Colares Filho negou aos policiais que tenha pago propina para impedir a CPI, e afirmou que o PSDB não teria força para enterrar a comissão.

    O PSDB, partido presidido por Sérgio Guerra de 2007 a 2013, informou em ocasiões anteriores que apoia as investigações desde o início e "defende que o trabalho das instituições avance para os esclarecimentos necessários".

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