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    Impeachment não foi golpe, diz revista britânica 'The Economist'

    DE SÃO PAULO

    13/09/2016 11h44

    O impeachment de Dilma Rousseff não foi um golpe. Quem diz é a revista britânica "The Economist". "O processo durou nove meses, de acordo com a Constituição e supervisionado pela Corte Suprema [Supremo Tribunal Federal], cuja maioria dos membros foi nomeado por Rousseff ou Luiz Inácio Lula da Silva", diz a publicação.

    Ainda assim, a revista destaca que os defensores de Dilma estão corretos ao afirmar que a acusação contra Dilma de ter usado créditos suplementares sem o aval do Congresso é um assunto relativamente "pequeno" e "técnico". A publicação também considera plausível o argumento de Dilma de que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que aceitou o pedido de impeachment, o fez como um ato de vingança porque ela teria se recusado a ajudá-lo a escapar das acusações de corrupção.

    Por outro lado, segundo a revista, isso não é suficiente para "virar a mesa" a favor de Dilma. Para a "Economist", Dilma afirmar que não sabia sobre o esquema de corrupção na Petrobras ou que o marqueteiro de sua campanha de 2014 "foi pago com dinheiro de propina" sugere negligência.

    A publicação ressalta que Dilma caiu por incompetência e pela opinião pública, inflamada pela forma "catastrófica" com que lidou com a economia. "Acima de tudo, ela falhou em construir alianças no Congresso."

    Segundo a "Economist", o impeachment traz três lições. A primeira é que Dilma pagou o preço mais alto pela irresponsabilidade fiscal e que isso deveria ser um alerta para outros políticos latino-americanos. Segunda, que os brasileiros estão prontos para cobrar e punir os governantes. Para a revista, o presidente Michel Temer perderá legitimidade caso ceda a pressão dos amigos para cessar a investigação na Petrobras ou ajudar Cunha a evitar a Justiça.

    Por último, a "forte tradição parlamentar" do Brasil impede, para a "Economist", que qualquer presidente governe contra o Congresso. De acordo com a revista, quando Dilma usa como defesa os 54 milhões de votos que recebeu em 2014, ela esquece que eles também foram para Temer e que os parlamentares também têm um mandato igualmente válido e democrático.

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