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    PF vê organização criminosa agindo na Prefeitura de Ribeirão Preto

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    13/09/2016 13h16 - Atualizado às 20h56

    A primeira fase da operação Sevandija foi encerrada pela PF (Polícia Federal) e pelo Ministério Público paulista com 31 pessoas denunciadas por irregularidades na terceirização de mão de obra a órgãos públicos, na contratação de obras da rede de água no pagamento de honorários advocatícios a um escritório em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

    Entre os crimes atribuídos aos envolvidos está o de organização criminosa e corrupção ativa e passiva.

    Nesta terça-feira (13), o Ministério Público paulista denunciou 22 pessoas por envolvimento na terceirização ilícita de mão de obra na Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), entre eles três secretários da prefeita Dárcy Vera (PSD), o atual e o ex-superintendente da companhia e funcionárias, além de nove vereadores, que estão com os mandatos suspensos.

    Essas 22 pessoas foram denunciadas por organização criminosa, crimes licitatórios, peculato e corrupção ativa e passiva, que podem resultar, no caso de condenação, em uma pena total de 75 anos de prisão.

    Outras nove pessoas foram denunciadas pela Sevandija -que significa "parasita"- sob a acusação de envolvimento em ilegalidades na contratação de uma empresa para renovar a rede de abastecimento de água do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), entre elas o superintendente Marco Antônio dos Santos, que também era secretário da Administração e braço direito de Dárcy no governo.

    Ele, Ângelo Invernizzi (que era secretário da Educação) e Luchesi Junior (que chefiava a Casa Civil e a pasta de Esportes) estão presos preventivamente. Uma das irregularidades encontradas foi o pagamento de propina a um empresário que atuou para fraudar concorrência. Se condenados, podem receber uma pena total de 72 anos de reclusão.

    A terceira irregularidade é referente ao pagamento de honorários advocatícios feitos de forma irregular, que podem resultar em pena de 19 anos de prisão.

    Ainda de acordo com a PF, os imóveis e veículos com valores de mercado superiores a R$ 50 mil permanecem bloqueados e todos os denunciados seguem proibidos de frequentar prédios públicos municipais, além de continuarem suspensos de seus cargos. Os contratos investigados no Daerp e na Coderp também permanecem com os pagamentos bloqueados.

    PRISÕES

    A operação pediu a prisão preventiva de dois vereadores -Walter Gomes (PTB), presidente da Câmara, e Cícero Gomes da Silva (PMDB), flagrados recebendo, segundo a Sevandija, envelopes com dinheiro em meio a revistas, entregues pelo empresário Marcelo Plastino, que está preso, mas elas foram negadas pela Justiça. A Promotoria vai recorrer. Os vereadores negam ter recebido dinheiro.

    A segunda fase da Sevandija foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (12), quando três pessoas foram presas, entre elas Luchesi. Também houve apreensão de computadores e equipamentos na Secretaria da Administração.

    SILÊNCIO

    Em meio a esse turbilhão de denúncias, que levou à prisão seus dois principais assessores e afetou mais de uma dezena de órgãos públicos -589 funcionários terceirizados ligados à empresa de Plastino foram demitidos e deixaram de atuar em setores da prefeitura-, a prefeita Dárcy Vera mantém o silêncio desde o dia 1º, quando a operação foi deflagrada, sobre as denúncias que a atingem.

    Dárcy foi flagrada num grampo telefônico falando de suposta compra de apoio político na Câmara, além de ser apontada como possível beneficiária de parte da propina referente aos honorários advocatícios.

    Limitou-se, por meio de notas, a afirmar que deseja "que todos os fatos sejam plenamente esclarecidos". Nesta segunda-feira, comentou a paralisia que atinge o governo.

    Disse que se reuniu com secretários e responsáveis por serviços como Poupatempo e Banco do Povo para buscar uma saída para a manutenção dos serviços. Os funcionários terceirizados que foram demitidos trabalhavam ainda na Secretaria da Educação, no protocolo da prefeitura e no Procon, entre outros órgãos.

    "Continuo trabalhando e aguardando que tudo possa ser esclarecido o mais rápido possível", diz trecho da nota.

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