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    Procurador quer impedir que MPF monitore ação policial em protestos

    ARTUR RODRIGUES
    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    13/09/2016 15h18 - Atualizado às 21h27

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    O novo procurador-geral de Justiça do Ministério Público de SP, Gianpaolo Smanio
    O novo procurador-geral de Justiça do Ministério Público de SP, Gianpaolo Smanio

    O Ministério Público Estadual entrou com representações para impedir que o MPF (Ministério Público Federal) faça filmagens das ações policiais durante os protestos na capital paulista.

    De acordo com o órgão estadual, o MPF não tem competência para fazer o controle externo das polícias estaduais.

    No início do mês, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão abriu um procedimento administrativo para investigar o uso de violência pela Polícia Militar durante os protestos.

    Segundo a procuradoria federal, "o objetivo é analisar se a atuação do poder público atende aos parâmetros nacionais e internacionais de uso moderado e proporcional da força pelo Estado, assim como se estão sendo observadas as normas do devido processo legal pela polícia judiciária".

    A decisão aconteceu após denúncias de violência policial durante protestos contra o presidente Michel Temer (PMDB) na cidade de São Paulo.

    O procurador-geral de Justiça São Paulo, Gianpaolo Poggio Smanio, considerou a ação do MPF "inadmissível" e assina duas representações: uma endereçada ao Conselho Nacional do Ministério Público, cujo presidente é o procurador-geral Rodrigo Janot, e outra à Corregedoria-geral do Ministério Público. Os documentos também são assinados pelo corregedor-geral do MP de São Paulo, Paulo Afonso Garrido de Paula.

    "Ao Ministério Público Federal é legitimado o exercício do controle externo da atividade policial federal, e não da estadual", afirmam as representações. "Não há margem interpretativa para se admitir que o MPF detenha atribuição para o controle externo das polícias civil e militar estaduais".

    O documento afirma ainda que os membros do Ministério Público de SP agem em relação a todas as ocorrências nos protestos, sem omissão ou demora que justificasse a atuação dos procuradores federais. A representação destinada à corregedoria pede a apuração de eventual infração por três procuradores federais responsáveis pelo monitoramento.

    Publicamente, o governador Geraldo Alckmin havia elogiado a iniciativa do MPF. "Quero reiterar que (a iniciativa) é muito bem-vinda. Uma instituição como o Ministério Público Federal só tem a ajudar e aperfeiçoar o trabalho. A própria polícia filma todas as suas atividades para se necessário fazer a autocorreção. Tudo isso é filmado, é verificado, é um trabalho extremamente sério e bem-feito", disse.

    OUTRO LADO

    O Ministério Público Federal não respondeu aos questionamentos feitos por e-mail pela reportagem.

    A Folha procurou tanto a assessoria de imprensa do órgão em Brasília como no Estado de São Paulo. Extraoficialmente, membros do MPF afirmaram que a ação não é controle externo das polícias que atuam no âmbito estadual. Segundo eles, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão atua apurando violações de direitos humanos em âmbito nacional.

    No caso do monitoramento dos protestos, além de São Paulo, a atuação de policiais no Rio também será verificada.

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