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    Deputados que não votaram contra Cunha se justificam até com insolação

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    14/09/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, faz sua defesa durante sessão em que será votada sua cassação, em Brasília (DF)
    O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) discursa durante sessão que definiu cassação de seu mandato

    Dono de uma robusta rede de apoio parlamentar até pouco tempo atrás, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) viu seus aliados se reduzirem a pouco mais de 10% da Câmara na sessão em que perdeu o mandato. Somados os votos por sua absolvição (10), as abstenções (9) e as ausências (42), 61 deputados ficaram ao seu lado.

    Entre eles uma personagem que ganhou projeção na votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff, a deputada Raquel Muniz (PSD-MG).

    O marido, então prefeito de Montes Claros (MG), foi preso sob acusação de corrupção um dia depois de ela citá-lo na tribuna da Câmara, na sessão do impeachment.

    Raquel Muniz não apareceu na cassação de Cunha, nesta segunda (12).

    "Eu não estava bem. Estou em campanha no meu Estado, fiz uma caminhada muito longa e acho que peguei uma insolação", afirmou a deputada.

    Questionada sobre sua posição, afirma que votaria a favor de Cunha. "Foi um bom presidente, deu celeridade à Casa, não tenho nada contra ele", disse.

    Outro aliado de Cunha que não deu as caras foi o líder da bancada do PTB, Jovair Arantes (GO), indicado pelo peemedebista para relatar o processo de impeachment de Dilma. "Achei melhor não ir, simples assim."

    As ausências contaram a favor de Cunha. Era preciso pelo menos 257 votos para que ele perdesse o mandato.

    Outro que não foi à sessão foi o deputado Vinícius Gurgel (PR-AP), que renunciou à sua vaga no Conselho de Ética da Câmara após a Folha revelar que uma assinatura falsa sua foi usada em uma manobra pró-Cunha. A Folha não conseguiu localizá-lo nesta terça.

    Notório aliado de Cunha, o líder do governo de Michel Temer na Câmara, André Moura (PSC-SE), só chegou à sessão minutos antes da hora da votação e apertou o botão de abstenção. Sua assessoria anunciou uma entrevista coletiva nesta terça-feira (13), mas ele não apareceu. Ele também não atendeu aos telefonemas da Folha.

    Entre os dez deputados que votaram pela inocência de Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS) foi o que mais se dispôs a defendê-lo publicamente.

    "Faria tudo de novo. A tendência é até de a minha votação crescer nas próximas eleições. As pessoas buscam políticos com coragem de defender aquilo que pensam."

    Marun afirma não ter se convencido de um delito que justificasse a cassação.

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