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    Ministério Público investigará suposto militar infiltrado entre manifestantes

    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    13/09/2016 21h58

    O Ministério Público de São Paulo decidiu investigar a suposta infiltração de um capitão do Exército em um grupo de manifestantes que foram detidos no domingo retrasado, dia 4 de setembro.

    Segundo a promotora Luciana Frugiuele, do Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), o órgão deve apurar a denúncia dos manifestantes juntamente com outro caso, em que um dos detidos afirma ter sido agredido por policiais.

    "Depois da audiência de custódia [que liberou os manifestantes] apareceu esse fato, que haveria um agente infiltrado que teria preparado um flagrante contra os manifestantes", afirma Frugiuele.

    "Nós vamos apurar se ele de fato estava lá e se agia sozinho ou se o Exército sabia, se a polícia sabia", diz ela.

    Segundo ela, nenhum dos presos do domingo (4) no Centro Cultural São Paulo, falou sobre o suposto infiltrado enquanto estavam sob custódia. "Oficialmente, nós não recebemos nada, não consta nos autos", diz.

    A informação sobre o suposto militar, diz Frugiuele, parte de reportagens feitas pelos sites "Ponte" e "El País".

    "Se houve flagrante preparado, é muito grave", diz a promotora. De acordo com ela, porém, operações de infiltração podem ser legais – "por isso temos que apurar as circunstâncias", diz.

    O homem seria, segundo o "El País", William Pina Botelho, capitão do Exército, e teria usado, segundo os manifestantes, o nome "Baltazar Nunes" e perfil falso em redes sociais, para entrar no grupo de WhatsApp em que planejavam o encontro antes do ato contra Michel Temer.

    Eles dizem ainda que o homem, que teria 37 anos, chegou ao grupo após conversar com uma das detidas no aplicativo de relacionamentos Tinder, e que no momento da prisão no CCSP, Nunes/Pina não teria sido conduzido com o resto dos presos para o Deic. "Aparentemente, essa informação procede", afirma Frugiuele.

    Em nota, o Exército informou que o capitão Botelho é oficial lotado no Comando Militar do Sudeste, que determinou a abertura de "processo administrativo para apurar os fatos" e que "obedece rigorosamente os dispositivos e os princípios legais que regem o Estado Democrático de Direito e atua como instrumento de proteção da sociedade".

    A Secretaria do Estado da Segurança Pública negou, em nota, ter feito operação conjunta com o Exército e disse que todos os presos "foram qualificados no boletim de ocorrência".

    Foram detidos 18 pessoas com idades entre 18 e 28 anos, à exceção de uma mulher de 38 anos, e apreendidos oito menores. O homem que seria Botelho aparece em imagens da câmera de segurança sendo revistado junto com os manifestantes. A Polícia Militar afirmou após a prisão que eles teriam confessado a intenção de praticar atos de depredação.

    Na segunda (5), o juiz Rodrigo Tellini considerou ilegais as prisões. Os jovens foram liberados, mas podem ser alvo de investigação da Polícia Civil.

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