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    Acusado de incitar estupro, Bolsonaro se exalta em sessão sobre o tema

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    14/09/2016 13h39 - Atualizado às 14h08

    Réu no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de incitar o estupro, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) compareceu nesta quarta-feira (14) a uma sessão geral do plenário da Câmara que discutia a "cultura do estupro e a proteção à vítima" e foi pivô de uma confusão.

    Criticado por convidadas da sessão, como a vice-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Distrito Federal, Daniela Teixeira, que defendeu o seu julgamento e a sua condenação, Bolsonaro se exaltou e começou a gritar no plenário exigindo direito de resposta.

    Ele estava acompanhado de uma série de apoiadores que passaram a gritar em coro "direito de resposta", entre eles uma das líderes dos movimentos de rua que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, Carla Zambelli.

    Exaltado, Bolsonaro subiu à Mesa do plenário e começou a gritar com a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que presidia a sessão. Ele chegou a ter que ser contido pelo deputado e ex-ministro Patrus Ananias (PT-MG), que estava ao lado de Rosário.

    Ao final, a vice-presidente da OAB-DF pediu proteção para deixar o Congresso afirmando se sentir ameaçada.

    PROCESSOS

    A deputada Maria do Rosário está no centro da polêmica que levou Bolsonaro a virar réu no STF.

    Em novembro de 2003, os dois bateram boca e quase se agrediram no Salão Verde da Câmara, uma confusão gravada pelas câmeras da "RedeTV!"

    A deputada o acusou na ocasião de promover a violência, inclusive a sexual. "Jamais iria estuprar você, porque você não merece", respondeu Bolsonaro. Em dezembro de 2014, o caso voltou à tona quando o deputado do PSC atacou a petista no plenário da Câmara, minutos após ela defender a Comissão da Verdade e as investigações dos crimes da ditadura militar.

    "Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias [na verdade a discussão havia ocorrido em 2003] você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir", afirmou Bolsonaro em discurso.

    Em junho deste ano o STF aceitou a denúncia relativa a esses dois casos e transformou em réu o deputado sob a acusação de incitação ao crime de estupro. O tribunal ainda acolheu uma queixa-crime contra o congressista por injúria.

    O caso foi discutido pela primeira turma do STF, que recebeu a denúncia por 4 votos a 1. Se condenado, Bolsonaro pode ser punido com pena de 3 a 6 meses de prisão, mais multa.

    Ele havia sido denunciado pela vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko.

    Na hora reservada para sua fala na sessão desta quarta-feira, Bolsonaro atacou a procuradora, a vice-presidente da OAB e Rosário. "Essa sessão está sendo um desserviço à mulher vítima de violência", discursou.

    Bolsonaro é um defensor público da ditadura militar (1964-1985) e é conhecido por se envolver em polêmicas diversas. Na votação do impeachment de Dilma Rousseff chegou a fazer um elogio ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de torturas, assassinatos e desaparições forçadas durante a ditadura –motivo pelo qual responde a processo de cassação na Câmara.

    O deputado do PSC afirma que pretende disputar a Presidência da República em 2018. Segundo a última pesquisa do Datafolha, em julho, ele aparece, no principal cenário, com 7% das intenções de voto. Sua rejeição é de 19%.

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