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Poder
Saturday, 20-Apr-2024 00:13:42 -03Aeronáutica quer reduzir até 25% do pessoal em 20 anos
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA22/09/2016 20h03
Com restrições orçamentárias e desafios tecnológicos pela frente, como superar a paralisia do programa espacial, a Aeronáutica quer reduzir até 25% o número de oficiais e de graduados num horizonte de 20 anos, baixando-os de 20 mil para 14,4 mil militares.
Como parte do plano, a Aeronáutica desencadeou uma série de medidas administrativas, incluindo desativação de bases aéreas, substituídas por "alas", um processo de reestruturação e centralização de assuntos administrativos que deve ser concluído até o último dia de dezembro deste ano.
A Força também iniciou os movimentos para criar duas empresas públicas, uma voltada para tecnologia aeroespacial e outra para controle aéreo.
As informações foram dadas pelo comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, em entrevista à imprensa em Brasília nesta quinta-feira (22).
O brigadeiro defendeu que o Brasil passe a enfrentar um dos principais gargalos do setor, a política espacial. Ele contou que esteve na Índia na semana passada e concluiu que o país investe US$ 1,1 bilhão ao ano no setor, emprega 17,5 mil pessoas e mantém 35 satélites em órbita.
A título de comparação, a lei orçamentária de 2015 separou R$ 323 milhões para a AEB (Agência Espacial Brasileira). Em 2016, são R$ 159 milhões.
"Eles [indianos] começaram igualzinho a nós 30 ou 40 anos atrás. Nos estamos aqui andando igual caranguejo, para um lado e para o outro e não andamos para frente. Falta ao Brasil olhar para cima. Se o americano gasta dezenas de bilhões de dólares, o russo, o chinês e agora o indiano... Até o argentino gasta em torno de dez vezes mais do que nós estamos gastando hoje. Esse pessoal gasta esse dinheiro não à toa, ele sabe a importância disso", disse o comandante.
Rossato argumentou que os satélites necessários ao Brasil são "mais simples, de órbita baixa", voltados para comunicações e monitoramento de meio ambiente e segurança pública.
O brigadeiro revelou que, devido às deficiências brasileiras, uma empresa israelense se ofereceu e cedeu imagens para monitoramento da segurança nas Olimpíadas de um satélite Eros-B. A cerca de "600 km ou 700 km" de altura, o satélite tinha capacidade de resolução de 60 centímetros e foi usado por militares e policiais brasileiros, após um treinamento em Israel.
ALAS
Segundo o comandante, a reestruturação administrativa da Aeronáutica é estudada desde 2014, começou a ser implantada desde sua chegada ao comando, em janeiro de 2015, e não foi influenciada pela posse do presidente Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff. O planejamento foi feito por considerar que 2016 marca o início da "quarta geração' da história da Aeronáutica, que completará 100 anos em 2041.
O brigadeiro afirmou que a redução previsto de até 25% de oficiais e graduados não afetaria as atividades da Força. O princípio básico das reformas é "a redução total das despesas de atividades-meio e a [consequente] ampliação do limite de despesas para custeio, investimento e atividades-fim". As duas principais metas são "a concentração das atividades administrativas e a reestruturação organizacional". Foi criado um órgão para gerencia toda a parte administrativa, separando do operacional.
"Ou nós nos adaptamos aos novos tempos ou nós simplesmente não existimos em termos de poder aéreo e de capacidade dissuasória", disse Rossato. "Se não tomarmos alguma atitude aqui, em alguns anos nós vamos usar todo o recurso para cuidar do nosso umbigo e, para nossa missão, não vamos ter recursos para fazer", afirmou o comandante.
O brigadeiro informou que a Aeronáutica está substituindo os comandos aéreos regionais, até então localizados em Manaus (AM), Belém (PA), Recife (PE), Rio, São Paulo, Portgo Alehgre (RS) e Brasília, por seis ou sete alas, formadas basicamente por comandante, e grupos de "suporte operacional, logístico, segurança e defesa".
"As atividades administrativas estão sendo passadas para outros órgãos e as bases serão operacionais. Estamos criando alas, ou 'wings', como todo mundo lá fora já usava e nós não usávamos", disse o brigadeiro.
"Quando nós concentramos unidades áreas e administrativas, há uma redução de quantidade de gente. Não existe redução da capacidade operacional, mas de gente, sim."O brigadeiro negou, porém, que as antigas bases serão fisicamente interditadas. "Vamos manter aquelas bases porque podemos utilizar para alguma atividade no futuro, qualquer emergência que exista."
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